Na hora de escolher determinado ativo, é fundamental tentar entender se os recursos investidos trarão um retorno mínimo que façam valer a pena o investimento. Um dos indicadores que podem ajudar a mensurar isso é o WACC, muito utilizado também para fazer o valuation de uma empresa.
Neste conteúdo, explicaremos o que é o WACC, como calculá-lo e de que forma você pode utilizá-lo para avaliar o retorno de um investimento ou projeto. Acompanhe a seguir!
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O que é o WACC?
A sigla WACC vem da expressão Weighted Average Capital Cost, que significa custo médio ponderado de capital.
Para que uma empresa possa funcionar, ela precisa captar recursos, que podem vir tanto de fontes internas quanto de fontes externas à organização. As fontes internas são o caixa, o capital que os próprios sócios investiram no negócio e as ações que foram emitidas posteriormente. Já as fontes externas são todos os recursos de terceiros que financiam a empresa de alguma forma, como bancos ou títulos de dívidas (debêntures e bonds, por exemplo).
É nesse contexto que entra o papel do indicador, para calcular o custo de todo esse capital. Dessa forma, pode-se projetar qual o lucro que se espera da empresa para que valha a pena tudo o que ela gastou.
Com o WACC, o investidor consegue entender qual retorno mínimo seria necessário para obter lucro no investimento. Já para a empresa, o WACC é um bom orientador para as decisões sobre projetos de forma geral.
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Como funciona esse indicador?
Na prática, o WACC é uma média ponderada, cujo resultado mostra o peso que cada fonte tem no financiamento da empresa. Por isso, ele um importante indicador de avaliação do negócio e muito utilizado quando a organização busca novas fontes de financiamento.
Como vimos, os recursos que financiam uma empresa podem vir de fontes internas ou externas ao negócio. Nesse sentido, é importante entender que o custo de financiamento é diferente em cada uma dessas fontes. É justamente isso o que faz o WACC, ou seja, mostra o custo médio de todo o capital que foi investido no negócio.
Imagine que uma empresa recém constituída esteja à procura de um investidor anjo, ou de um fundo venture capital para captar recursos. De forma geral, existem vários riscos e ameaças quando se inicia um empreendimento, e os possíveis investidores costumam avaliar muito bem essas variáveis.
Aqui, vale prestar atenção em um ponto relevante, que é o quanto as fontes próprias e de terceiros representam no investimento total. Isso porque, quanto maior for a participação de recursos próprios no projeto, mais seguros os investidores tendem a ficar em relação ao negócio.
Outro aspecto importante a entender é que, para que gere valor ao acionista, o WACC da empresa deve ser menor do que o seu retorno. Caso contrário, a organização não está sendo eficiente na alocação dos recursos, pois eles estão custando mais caro do que os resultados que proporcionam.
Cálculo do WACC
Além do custo de capital das fontes internas e externas da empresa, o cálculo do WACC considera também o patrimônio líquido, a dívida total e o Imposto de Renda (IR). Com essas variáveis, chegamos na seguinte fórmula para o indicador:
WACC = Ke (E/D+E) + Kd (D/D+E) x (1-IR)
Onde:
- – Ke: custo de capital da fonte interna
- – E: patrimônio líquido da empresa
- – D: dívida total
- – Kd: custo de capital da fonte externa
- – IR: Imposto de Renda
Como você viu, a fórmula é extensa e um tanto complexa para ser calculada manualmente. Por isso, normalmente costuma-se levantar os dados e imputá-los no excel para chegar ao resultado.
Aqui, nosso objetivo é lhe fazer entender qual a informação que esse cálculo mostra. Dessa forma, utilizaremos um exemplo bem mais simples, desconsiderando o patrimônio líquido e o IR. Acompanhe.
Exemplo
Uma empresa está desenvolvendo um projeto cujo custo total será de R$ 5 milhões. Para financiar esse projeto, os acionistas entrarão com R$ 3 milhões, e os R$ 2 milhões restantes serão financiados por bancos.
Para emprestar esse dinheiro, o banco cobrará uma taxa de 3% ao ano. Por outro lado, os acionistas querem obter um retorno de 5% ao ano sobre os recursos que aportaram na empresa.
Com essas informações, já podemos calcular o custo médio ponderado de capital do projeto:
- – custo do capital que os sócios emprestaram: R$ 3 milhões x 5% a.a. = R$ 150 mil
- – custo do financiamento do banco: R$ 2 milhões x 3% a.a. = R$ 60 mil
WAAC: (150 mil + 60 mil) / 5 milhões = 0,042
Ou seja, o WAAC desse projeto é 4,2%.
Como interpretar o WACC?
Basicamente, investidores e analistas de projetos utilizam o WACC por dois motivos principais: para identificar o custo médio de capital e para estabelecer a taxa mínima de retorno que se quer sobre o investimento.
Em linhas gerais, podemos considerar o WACC como a taxa mínima aceitável que o investidor deve ter de retorno em uma empresa, ou que ela própria deve ter em um projeto que desenvolve. Imagine que o WACC de uma empresa é de 15% e que apresente retornos de 20%. Isso significa dizer que, para cada real investido, o retorno é de 5%.
A interpretação do WACC também pode estar associada a alguns indicadores fundamentalistas. Por exemplo, quando o ROIC de uma empresa é maior do que o WACC, podemos entender que o negócio está gerando valor para os sócios. Nesse caso, provavelmente as ações da companhia estejam sendo negociadas com um prêmio.
ROIC e WACC são dois importantes indicadores de retorno utilizados na análise fundamentalista. No entanto, assim como qualquer outro indicador, não devem ser utilizados isoladamente para decisões sobre investimentos.
Para conhecer mais indicadores que podem complementar uma boa análise de empresas, clique nos links abaixo e confira: