Os fundos de investimento são uma excelente alternativa para quem busca diversificação com simplicidade e de forma acessível. Entre as diferentes estratégias, estão os fundos long only, que podem ser do tipo multimercado ou de ações, e são bastante fáceis de entender.
De acordo com a classificação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os fundos de investimento são classificados em três níveis, que são os seguintes:
- – Nível 1: diz respeito aos ativos que compõem o fundo.
- – Nível 2: considera o tipo de gestão, se ativa ou passiva.
- – Nível 3: refere-se ao tipo de estratégia do fundo.
Neste conteúdo, nosso foco está no terceiro nível, pois falaremos sobre uma das estratégias dos fundos de ações e multimercados. Acompanhe a seguir.
- Fundo de ações: alternativa para diversificar na renda variável
- Gestão ativa e passiva: entenda a diferença entre as estratégias
O que são fundos long only?
No mercado financeiro, a expressão long significa estar comprado em algum ativo ou derivativo. Essa estratégia é utilizada quando o gestor acredita na valorização de determinado papel, pois ele o adquire na expectativa de obter lucro com o passar do tempo.
De acordo com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), os fundos de ações long only devem investir, no mínimo, 67% do patrimônio em ações ou em ativos que representem empresas, como bônus ou recibos de subscrição, cotas de fundos de ações ou BDRs (Brazilian Depositary Receipts), por exemplo. Já os multimercados que adotam a estratégia não obrigados a seguir regras de concentração em determinado ativo.
Como o gestor desse tipo de fundo opera totalmente comprado nesses ativos, os ganhos do investimento dependem totalmente da valorização dos mesmos. Dessa forma, podemos dizer que, entre todas as estratégias, os fundos long only são os que possuem a maior correlação com o Ibovespa – principal índice da bolsa brasileira.
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Como funcionam os fundos long only?
Como vimos, essa estratégia busca ganhar com a valorização dos títulos que formam o patrimônio do fundo. Para isso, o gestor deve buscar ativos que estejam descontados ou que tenham potencial de valorização no médio e longo prazo, por exemplo.
Embora a lógica seja bastante simples, é preciso que se faça uma análise eficiente dos ativos e do mercado para obter bons resultados. Nesse sentido, avaliar os indicadores financeiros das empresas, conhecer os seus fundamentos e entender as variáveis macroeconômicas permitem ao gestor identificar as melhores oportunidades.
Depois dessa análise, o gestor seleciona e adquire os ativos que julgar mais interessantes. Dessa forma, fecha a sua posição comprada e aguarda até que se valorizem, para então vendê-los e realizar os lucros.
Como se trata de uma gestão ativa, diversas modificações podem ser realizadas no patrimônio ao longo do tempo. Por exemplo, dependendo da performance, o gestor pode decidir substituir algum ativo e/ou alterar a exposição em outro, para mais ou para menos. Além disso, caso o mercado esteja em um período de queda acentuada, a política do fundo pode prever também que a posição de caixa aumente. Dessa forma, as compras são reduzidas até que o momento seja mais propício para ativos de maior volatilidade.
Vantagens e riscos da estratégia
Em momentos de alta do mercado, investir em fundos long only pode proporcionar boa rentabilidade. Nessa estratégia, é bastante simples acompanhar a performance dos ativos, pois o rendimento do fundo acompanha a tendência do mercado, seja ela de alta ou de baixa.
Outro ponto positivo é que a administração do risco pode ser mais simples nos fundos long only. Isso porque, diferentemente do long & short, não existe nenhuma operação mais complexa que envolva especulação ou alavancagem, pois a estratégia é totalmente baseada na compra dos ativos.
Por outro lado, existem também pontos que merecem atenção em relação aos riscos desse tipo de fundo. Se, por um lado, a estratégia é direta por depender totalmente da valorização dos ativos, por outro esses fundos estão totalmente expostos a perdas em momentos de mercado em baixa.
Ou seja, se o Ibovespa sofrer uma forte queda, os fundos long only não têm nenhuma posição que possa, ao menos, atenuar as perdas. Dependendo das oscilações do mercado em determinados períodos, isso pode causar grandes prejuízos aos cotistas.
Quando vale a pena investir nesses fundos?
Independentemente da estratégia, para investir em fundos de ações ou em multimercados mais arrojados, o primeiro passo é definir o grau de tolerância ao risco.
Mesmo que a gestão seja experiente e que o fundo tenha um bom histórico de resultados, não se pode esquecer que estamos lidando com um investimento de alta volatilidade, principalmente no curto prazo. Portanto, além de ser necessário um perfil de investidor mais arrojado, é preciso também ter um horizonte de longo prazo, o que atenua as oscilações da renda variável.
Avaliados esses aspectos, é hora de analisar as vantagens e os pontos menos favoráveis de investir em fundos em vez de adquirir diretamente os ativos. Nesse sentido, os fundos oferecem mais praticidade, seja para quem não tem tanto conhecimento sobre o mercado financeiro, ou para quem já é experiente mas que não tem tempo (ou disposição) de acompanhar os ativos com tanta frequência.
Outro ponto favorável dos fundos é a diversificação que oferecem de forma mais acessível. Dependendo do fundo, o investidor precisará gastar bem mais para comprar ações ou outros ativos e ter a mesma diversificação do que se adquirisse cotas.
Por outro lado, ao investir em fundos, perde-se a autonomia para escolher o tipo de ação ou outro ativo da carteira. Como tudo é feito pelo gestor, a participação do investidor se limita a adquirir as cotas e acompanhar a performance do investimento. Tudo isso deve ser avaliado na hora de decidir investir diretamente em outros ativos ou em fundos, seja qual for a estratégia de gestão.
Long only, long biased e long & short: qual a diferença?
Entre as três estratégias, a long only é a mais simples pois, como vimos, o gestor opera sempre totalmente comprado, visando a valorização dos ativos ao longo do tempo.
Já nos fundos long biased, a estratégia é mais flexível, na qual predominam as posições compradas mas também pode haver uma parte do patrimônio vendida. Nesse caso, quando o gestor está comprado e percebe uma tendência de queda no mercado, ele pode lançar mão de táticas para ganhar com a queda dos ativos, como o aluguel de ações ou fundos imobiliários, por exemplo.
Por fim, a estratégia long & short se baseia na expectativa de que um ativo se valorize ao mesmo tempo que outro caia de preço. Dessa forma, pode-se lucrar com a alta e com a queda de ativos diferentes de forma simultânea.
O ganho no long & short não depende das oscilações do mercado financeiro, mas somente da correlação entre os ativos envolvidos na operação. Isso porque o que trará resultado para a operação não é o valor que os ativos alcançarão em si, mas sim o quanto esses valores irão se afastar ou se aproximar um do outro. Quanto maior for essa diferença, maior também será o resultado da operação.