Um dos princípios básicos e mais antigos do mundo dos investimentos é a necessidade de diversificação. E, com a economia global cada vez mais conectada, torna-se cada vez mais importante pensar em formas de como investir em dólar. Afinal, a moeda é uma das mais relevantes do mercado mundial, e serve como parâmetro para diversos outros câmbios – entre eles, o real.
Ao investir em ativos internacionais, conseguimos ficar expostos a economias fortes, e isso atenua o risco-país da carteira. Ou seja, eventuais percalços na nossa economia são sentidos de forma mais amena pelos investimentos, e isso dá mais segurança, principalmente no longo prazo.
E a boa notícia é que dá para investir em dólar – ou em outra moeda estrangeira forte – sem precisar ter conta lá fora. Continue a leitura, e confira quatro alternativas de investimentos que você pode encontrar no mercado brasileiro.
Investir em dólar é o mesmo que comprar a moeda?
A resposta é não, e esse é um erro que muitas pessoas cometem quando pensam sobre como investir em dólar.
Nesse sentido, o primeiro aspecto que devemos entender é a diferença entre o dólar comercial e o dólar turismo. No primeiro caso, estamos nos referindo à moeda utilizada nas transações comerciais entre empresas e governos do mundo inteiro. Por exemplo, se uma companhia brasileira exporta seus produtos ou compra um equipamento importado, a moeda dessa transação será o dólar comercial.
Já o dólar turismo é a moeda física que encontramos nas instituições financeiras, e que serve de referência para o preço da passagem aérea, do hotel e das despesas que temos no exterior. Esse é o dólar que está à disposição da pessoa física, e ele chega a ser de 20 a 30 centavos mais caro do que o dólar comercial. Uma das razões da diferença de preço é o seu volume de transações, infinitamente mais baixo do que o do dólar comercial. Isso porque quem o utiliza são somente pessoas físicas, que movimentam bem menos recursos do que empresas e governos.
Além disso, negociar dólar turismo envolve custos, como IOF, armazenamento, gastos administrativos e a própria remuneração (spread) da instituição financeira. Outro ponto importante a ser considerado é que uma moeda estrangeira – seja dólar, euro ou qualquer outra – sempre será mais cara na compra do que na venda. Logicamente, pode acontecer de comprarmos dólar a um preço mais baixo e, com o tempo, ele se valorizar. Mas o contrário também pode ocorrer e, nesse caso, além da desvalorização, há também o risco de guardar dinheiro em casa. Por isso, comprar moeda estrangeira – seja dólar, euro ou qualquer outra – é somente para quem precisa do dinheiro para viajar.
Como investir em dólar sem abrir conta no exterior?
A seguir, veremos algumas alternativas para diversificar os investimentos em ativos internacionais aqui no Brasil mesmo. Acompanhe!
Fundos Cambiais
Os fundos cambiais são a alternativa para quem quer diversificação internacional de forma mais prática, sem precisar abrir uma conta lá fora. Por definição, esses fundos investem, no mínimo, 80% de seu patrimônio em ativos relacionados a moedas estrangeiras. Nesse sentido, os mais conhecidos são os que alocam recursos em ativos em dólares e euros. Mas você também pode encontrar fundos cambiais que investem em cestas de moedas, com participação de iene, yuan, e libra, por exemplo.
Embora os fundos cambiais estejam atrelados a moedas estrangeiras, elas somente serão a referência do investimento. Ou seja, as aplicações são feitas em reais, e o investimento segue as regras brasileiras em relação à tributação.
Como acompanham as oscilações de moedas estrangeiras, os fundos cambiais costumam apresentar alta volatilidade, especialmente em tempos de turbulências no mercado. Por isso, são indicados para investidores mais arrojados e com vistas ao médio e longo prazo.
Em relação à tributação, os rendimentos desses fundos têm incidência de Imposto de Renda, de acordo com a tabela regressiva. As alíquotas iniciam em 22,5% e vão reduzindo conforme o prazo da aplicação, até a mínima de 15% para investimentos acima de dois anos. Lembrando que os fundos cambiais também estão sujeitos ao come-cotas, a antecipação do IR que ocorre duas vezes por ano, nos meses de maio e novembro.
Além disso, também pode ser cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), porém só se houver resgate antes de 30 dias do início do investimento.
ETFs (Exchange Traded Funds)
Os ETFs são fundos que têm o objetivo de replicar determinado índice ou ativo financeiro do mercado. Na bolsa brasileira, existem ETFs que acompanham o desempenho do Ibovespa, do IFIX, e de importantes índices internacionais, como o S&P 500 e os MSCI, por exemplo.
Ao adquirir cotas de um ETF ligado ao S&P 500, o índice mais importante do mercado norte-americano, os rendimentos acompanharão a performance das empresas que participam de sua composição. Embora o alinhamento do ETF não seja idêntico ao do índice (pois o investimento possui taxas), de certa forma, é como se estivéssemos investindo nessas empresas indiretamente.
No caso dos ETFs, a alíquota do Imposto de Renda sobre os rendimentos é única, de 15% nas operações fora day trade e de 20% nas transações que começam e terminam no mesmo dia. Como o recolhimento do tributo não ocorre na fonte, o investidor precisa calcular o IR devido sobre o resultado e recolhê-lo por meio de DARF (Documento de Arrecadação Fiscal) até o último dia útil do mês seguinte ao da venda das cotas.
BDRs (Brazilian Depositary Receipts)
Os BDRs são títulos representam ações de companhias estrangeiras, mas são negociados na bolsa brasileira e em reais. Ou seja, eles oscilam de acordo com a moeda estrangeira, mas se submetem às regras do mercado de capitais brasileiro.
Na prática, os BDRs têm lastro nas ações das companhias estrangeiras que representam. Por sua vez, essas ações permanecem no país de origem da empresa emissora, e ficam custodiadas em uma instituição financeira.
Ao todo, já são mais de 800 BDRs listados na B3, que vão desde as blue chips mundiais até companhias de mercados emergentes e que atuam em setores da nova economia. Para quem busca uma forma de como investir em dólar em ativos mais específicos e em moeda nacional, esses títulos são uma boa alternativa. Inclusive, há os BDRs de ETFs, que podem proporcionar ainda mais diversificação à carteira. Clique no link abaixo e saiba como funciona essa modalidade:
Mercado futuro de dólar
O dólar futuro é uma espécie de derivativo, que serve para negociar hoje o preço da moeda em uma determinada data no futuro. Normalmente, as operações no mercado futuro de dólar são feitas quando existe algum compromisso financeiro a ser liquidado na moeda. No entanto, há quem tenha o objetivo somente de tentar ganhar com a variação cambial, sem nenhuma outra transação atrelada.
Independentemente do propósito, quem opera no mercado futuro está sujeito à uma grande volatilidade. Por isso, é preciso ter bastante conhecimento e experiência, além de disponibilidade para acompanhar esse mercado.