A renda fixa oferece boas alternativas para quem deseja segurança e quer garantir um rendimento superior ao da poupança. Na hora da escolha, é comum que existam dúvidas sobe CDB ou Tesouro Direto, pois, dependendo do objetivo do investimento, um ou outro pode ser mais adequado. E também há situações em que os dois juntos podem ajudar a diversificar a carteira.
Neste conteúdo, mostraremos como funcionam CDB e Tesouro Direto, e o que você deve considerar quando for investir em cada um deles. Confira a seguir!
O que é e como funciona o CDB?
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título emitido por instituições financeiras com a finalidade de captar recursos. Ao adquirir um CDB, o investidor empresta o dinheiro à instituição emissora e recebe juros pelo período em que os recursos permanecerem aplicados.
Esse investimento está entre os mais seguros do mercado, pois conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Se a instituição que emitiu o CDB vier a quebrar, o fundo garante o ressarcimento de até R$ 250 mil por CPF até o limite de R$ 1 milhão. Por exemplo, quem possui quatro CDBs de R$ 250 mil de diferentes instituições financeiras, tem garantido o ressarcimento de cada um deles pelo FGC.
Rentabilidade do CDB
Existem CDBs que oferecem taxas prefixadas, pós-fixadas e as duas ao mesmo tempo. No CDB prefixado, a taxa é expressa em percentual ao ano, como 10% ou 11%, por exemplo. Nesse caso, o rendimento bruto do título (sem Imposto de Renda) já é conhecido desde o início da aplicação.
Já no CDB pós-fixado, a taxa representa um percentual do CDI que, por sua vez, acompanha a Selic. Isso significa que o rendimento de um CDB pós-fixado vai oscilar de acordo com a trajetória da taxa de juros durante o prazo em que os recursos estiverem investidos. Normalmente, os CDBs pós-fixados são os que oferecem liquidez diária e, por isso, são uma das opções para a reserva de emergência.
Por fim, a taxa mista é parte prefixada e parte pós-fixada, essa última normalmente atrelada ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Por exemplo, se você adquire um CDB que pague 5% ao ano + IPCA, quer dizer que receberá 5% ao ano acima da variação da inflação do período.
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Tributação do CDB
Os rendimentos do CDB são tributados de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda, que se aplica aos títulos de renda fixa e à maioria dos fundos de investimento.
Nessa sistemática de tributação, existem quatro faixas de alíquotas, que iniciam em 22,5% e vão caindo até a mínima de 15%, conforme o tempo que leva até o resgate.
Veja como funciona a tabela regressiva do IR:
Prazo do resgate | Alíquota IR |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Ou seja, quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menos IR incidirá sobre os ganhos e, consequentemente, mais rentável será o CDB.
Há também o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que pode ser cobrado se for feito algum resgate antes de 30 dias do início da aplicação. Nesse caso, as alíquotas iniciam em 96% sobre os rendimentos e vão reduzindo até chegar a zero no 30° dia.
O que é e como funciona o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto foi criado pelo governo federal em 2002 para vender títulos públicos federais a pessoas físicas. O objetivo desse programa foi tornar acessíveis esses títulos à população em geral, com aplicações mínimas de pouco mais de R$ 30.
Na prática, a lógica é a mesma de um CDB. Porém, o investidor que adquire um título do Tesouro empresa dinheiro ao governo, e não a uma instituição financeira. Em vez de proteção do FGC, os títulos públicos federais contam com a garantia do próprio governo e, por isso, são considerados os investimentos mais seguros do mercado.
Tipos de Tesouro Direto
Assim como o CDB, o Tesouro Direto oferece diferentes tipos de remuneração, e, dependendo do título, existem formas diversas de receber os rendimentos e de resgate. Conheça a seguir cada um dos títulos.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é o título pós-fixado do programa, atrelado à taxa Selic. Ou seja, ele acompanha a variação da taxa básica de juros da economia e, portanto, o seu rendimento será conhecido somente no momento do resgate.
Entre todos os tipos de Tesouro Direto, esse é o único que pode ser resgatado a qualquer momento, sem prejuízo dos rendimentos. Por isso, também é uma alternativa para a reserva de emergência, assim como o CDB pós-fixado.
Tesouro Prefixado
No Tesouro Prefixado, a taxa de juros é fixa e definida no início da aplicação. Dessa forma, as oscilações da taxa Selic não interferem na sua rentabilidade, o que dá mais previsibilidade em relação aos ganhos.
No caso do Tesouro Prefixado, o investidor pode escolher se deseja receber os rendimentos a cada semestre ou junto com o principal, no resgate do título. A primeira alternativa é interessante para quem busca renda passiva nos investimentos. A segunda, é mais adequada para quem não tem pressa de receber de volta o dinheiro, pois os rendimentos incidem sobre um montante maior ao longo do tempo.
Os vencimentos do Tesouro Prefixado costumam ficar entre 3 e 10 anos aproximadamente. Logo, ele é uma alternativa para compor a carteira de longo prazo.
Tesouro IPCA+
O Tesouro IPCA+ é um dos três títulos do programa que possuem taxa mista (veremos os outros dois na sequência), pois parte é prefixada e parte acompanha a variação do IPCA. Dessa forma, ele também é uma boa opção para proteger o dinheiro contra a inflação ao longo do tempo.
No Tesouro IPCA+ também existe a possibilidade de receber os rendimentos semestralmente ou junto com o principal no vencimento. Quanto aos prazos, podemos encontrar vencimentos que vão de 5 a 30 anos em média.
Tesouro RendA+
O Tesouro RendA+ foi criado com o objetivo de investir para aposentadoria.
Ele funciona de forma semelhante aos planos de previdência privada disponíveis no mercado. Da mesma forma que o PGBL e o VGBL, o investimento prevê a fase de acumulação, que é quando ocorrem os aportes mensais, e a fase de conversão, que é quando se começa a receber a renda no futuro.
Atualmente, existem oito datas de conversão disponíveis, que vão de 2030 a 2065. A partir do vencimento, o investidor recebe o montante capitalizado pelos juros em 240 parcelas mensais (20 anos), exatamente como um complemento de renda.
Tesouro Educa+
O Tesouro Educa+ segue o mesmo modelo do RendA+, pois o seu objetivo também é formar uma renda futura. Mas nesse caso, o investimento se destina aos gastos com educação no futuro.
No caso do Educa+, há 16 títulos com datas de conversão todos os anos, de 2026 a 2041, e o resgate ocorre em 60 parcelas mensais (5 anos) consecutivas.
Tributação e custos do Tesouro Direto
Assim como os CDBs, os rendimentos do Tesouro Direto também são tributados de acordo com a tabela regressiva do IR que vimos anteriormente. Quanto mais tempo o dinheiro fica investido, menor será o imposto descontado no resgate.
No Tesouro Direto, existe uma taxa de custódia cobrada pela B3 para fazer a guarda e a movimentação dos títulos. Essa taxa é de 0,20% ao ano sobre o total do investimento, dividida em duas cobranças de 0,10% cada que ocorrem a cada seis meses, sempre nos primeiros dias úteis de janeiro e julho.
No Tesouro Selic, os investimentos até R$ 10 mil estão isentos da taxa de custódia. Esse valor considera também os juros capitalizados no período.
O Tesouro RendA+ e o Educa+ também poderão ter isenção da taxa de custódia. Para aproveitar esse benefício, o investidor deverá resgatá-los somente no vencimento, e os valores dos resgates mensais não poderão ultrapassar 6 salários mínimos no RendA+ e 4 salários mínimos no Educa+.
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CDB ou Tesouro Direto: como escolher?
Na verdade, ambos são boas alternativas para diversificar a carteira com segurança. Mas há pontos sobre CDB e Tesouro Direto que precisam ser avaliados para que se possa tomar a melhor decisão em cada contexto. Acompanhe a seguir os que selecionamos.
Liquidez
O primeiro passo para quem começa a investir é formar a reserva de emergência, e esses recursos precisam ter liquidez diária ou imediata. Caso contrário, não darão suporte em tempo a imprevistos financeiros que possam surgir.
Para a reserva de emergência, podemos utilizar CDB ou Tesouro Direto, desde que ambos possam ser resgatados assim que preciso. No caso do CDB, normalmente os pós-fixados oferecem essa possibilidade, mas é importante checar antes da aplicação. Quanto aos títulos públicos, o Tesouro Selic é o que permite resgates diários sem prejuízo da remuneração.
Rentabilidade
A rentabilidade pode ser um diferencial a favor de alguns CDBs em relação ao Tesouro Direto. Em algumas situações, podemos encontrar no mercado títulos com taxas acima das oferecidas pelos títulos públicos.
Normalmente, os CDB que pagam taxas melhores são de prazo mais longo e emitidos por instituições financeiras menores e menos conhecidas do que os grandes bancos. Teoricamente, isso representa mais risco para o investidor e, por isso, o rendimento oferecido deve ser maior para compensar esse risco.
Você pode estar pensando: mas o FGC não garante os CDBs? Sim, garante, mas no caso de falência do emissor, o ressarcimento por parte do FGC não acontece da noite para o dia. É preciso seguir todo um processo que vai desde que o Banco Central decreta a falência até o efetivo pagamento aos investidores, o que pode demorar algum tempo. E esse risco precisa ser contemplado no investimento, por isso as taxas maiores no caso desses CDBs.
Por outro lado, as taxas do Tesouro Direto serão sempre as mesmas, não importando a instituição financeira pela qual você faça o investimento.
Custos
O CDB não possui a taxa de custódia cobrada pela B3 para os títulos públicos. Logo, os custos podem ser mais uma vantagem do CDB em relação ao Tesouro Direto.
Mas atenção: nem sempre a taxa de custódia tornará o Tesouro Direto menos atraente, pois é preciso avaliar a taxa oferecida pelo CDB para comparar as duas rentabilidades. Além disso, é preciso lembrar que o investimento no Tesouro Selic é isento dessa taxa até R$ 10 mil. Logo, dá para aproveitar esse benefício e incluí-lo na carteira de curto prazo junto com o CDB de liquidez diária.
Objetivos de longo prazo
Ao pensarmos no longo prazo, um ponto importante a considerar é a proteção contra a inflação. Nesse sentido, tanto o CDB quanto o Tesouro Direto são boas alternativas, pois ambos podem oferecer remuneração atrelada ao IPCA.
Lembrando que, para quem deseja ume renda complementar no futuro, o Tesouro Direto oferece duas possibilidades: o RendA+ e o Educa+, títulos também atrelados ao IPCA.