ADRs: conheça os recibos de ações estrangeiras negociados nos EUA

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra dólares, a moeda de negociação dos ADRs
Imagem mostra dólares, a moeda de negociação dos ADRs

Você sabia que algumas blue chips brasileiras – como Petrobras, Banco do Brasil, Gerdau, Vale, Weg, Bradesco, entre outras gigantes – negociam suas ações nas bolsas de valores dos Estados Unidos? E que lá, você também pode encontrar ações de outras grandes companhias que não são americanas? Sim, na NYSE e NASDAQ, é possível investir em empresas de todas as partes do mundo, por meio de recibos de ações estrangeiras, ou ADRs.

Embora sejam negociados nos EUA, os ADRs também influenciam os preços das ações nos países de origem – inclusive podendo “prever” o movimento de ações por aqui depois de feriados, já que é natural que eles tenham um ajuste por aqui para acompanhar o movimento do preço no exterior.

Neste conteúdo, mostraremos o que são e como funcionam esses recibos de ações, e de que forma eles podem ser utilizados em estratégias de investimentos. Portanto, se você deseja conhecer novas alternativas para diversificação da carteira, continue a leitura a seguir!

O que são ADRs?

Os ADRs (American Depositary Receipts) são recibos de ações estrangeiras emitidos nos Estados Unidos e negociados nas bolsas de valores americanas. Esses recibos servem para que empresas de fora dos EUA possam captar recursos no mercado de capitais do país. Por outro lado, oferecem aos investidores a oportunidade de diversificação em diversos outros mercados internacionais.

Para que uma empresa possa ter acesso ao mercado de capitais norte-americano, não basta que ela somente faça a abertura de capital no seu país de origem. Além disso, é necessário que uma instituição depositária emita os recibos de suas ações nos EUA, e esses recibos negociados são os ADRs.

Esses títulos tiveram especial importância para as empresas brasileiras principalmente nos anos 90, quando o mercado de capitais ainda era fraco por aqui. Dessa forma, para que companhias brasileiras pudessem acessar o mercado norte-americano, começaram a emitir ADRs, que eram negociados principalmente na Bolsa de Nova York (NYSE).

Mas não estamos falando somente de empresas brasileiras, pois muitas companhias ao redor do mundo negociam seus ADRs nas bolsas norte-americanas. Além de servirem para ampliar as fontes de captação dessas empresas, esses recibos contribuem para aumentar a liquidez das ações nos seus mercados de origem – principalmente após o surgimento de robôs provedores de liquidez.

Funcionamento dos ADRs

Como vimos, os ADRs são ferramentas que investidores dos EUA utilizam para adquirir ações de empresas de outros países. No entanto, não são negociadas diretamente as ações, mas sim recibos que representam esses títulos, cotados em dólares.

Por sua vez, esses recibos têm lastro nas ações que representam, e essas ações ficam custodiadas nos seus países de origem. Ou seja, embora o investidor não compre a ação, ele tem a garantia de que o título representa o papel de determinada companhia estrangeira.

O primeiro passo para que um ADR possa ser negociado nos EUA é a compra das ações por parte da instituição depositária. Normalmente, a depositária adquire grandes quantidades de ações, para agrupá-las em lotes. Logo após, emite os recibos referentes a essas ações e os distribui entre investidores interessados.

Há também uma outra instituição envolvida nesse processo – a custodiante – que é a responsável pelo bloqueio e pela guarda das ações que dão lastro aos ADRs. A proporção entre a quantidade de ações e recibos relacionados a elas não é sempre fixa. Ou seja, pode ser de uma ação para um ADR, assim como um ADR pode representar uma fração de uma ação. Para o investidor, é importante saber que o preço de um ADR acompanha o da respectiva ação, e dependerá de quanto ele representa do título.

Tipos de ADRs

Podemos classificar os ADRs de duas formas: em relação à sua emissão e ao seu local de negociação – se nas bolsas ou no mercado de balcão.

Quanto à emissão, esses títulos podem ser patrocinados e os não patrocinados. No primeiro caso, a emissora das ações que dão lastro ao ADR trabalha juntamente com a instituição depositária. Nesse sentido, a empresa se responsabiliza por divulgar regularmente informações para os investidores, e pode pagar os custos de emissão. Por sua vez, o banco atua somente como contraparte da operação. Por isso o nome “patrocinado”, pois o maior esforço para colocação dos títulos no mercado norte-americano é da empresa emissora.

Já nos ADRs não-patrocinados, a emissora das ações não tem nenhum envolvimento com o programa, pois tudo é feito pela depositária. Nas bolsas americanas, os patrocinados respondem pela grande maioria das negociações. Em relação ao local de negociação, os ADRs podem ser de nível I, II ou III. Os de nível I são aqueles negociados exclusivamente no mercado de balcão. Já os de nível II são os disponíveis nas bolsas e com lastro em ações já emitidas pela companhia. Por fim, os ADRs de nível III também são negociados nas bolsas, porém lastreados em novas ações da emissora.

Quais empresas brasileiras possuem esses títulos?

A seguir, confira algumas companhias brasileiras que possuem ADRs listados nas bolsas dos Estados Unidos:

  • – Petrobras
  • – Vale
  • – Itaú Unibanco
  • – Gerdau
  • – Bradesco
  • – Ambev
  • – BRF
  • – Azul
  • – Gol
  • – Suzano
  • – Natura
  • – Embraer
  • – JBS
  • – Banco do Brasil
  • – Braskem
  • – Cosan
  • – Getnet
  • – Marfrig
  • – Localiza

Qual a diferença entre ADRs e BDRs?

Aqui no blog, nós já falamos algumas vezes sobre os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que também são um recibo de depósito de ações. Assim sendo, os BDRs são uma versão nacional dos ADRs: empresas estrangeiras negociadas na bolsa de valores brasileira.

Da mesma forma que os ADRs, os Brazilian Depositary Receipts permitem que o investidor tenha participação em uma empresa estrangeira de forma mais prática do que se adquirisse as suas ações. Ou seja, não é necessário mandar dinheiro para fora do Brasil, pois esses títulos são negociados na B3 e em reais.

Atualmente, há mais de 900 BDRs disponíveis para o investidor brasileiro, praticamente o dobro de ações nacionais listadas na B3. Com esses títulos, você pode se tornar sócio de gigantes como Apple, Netflix, Amazon, Microsoft, Google, e assim por diante.

Clique aqui, e confira alguns dos BDRs ao quais você pode ter acesso na bolsa. Inclusive, a Terra Investimentos possui uma carteira recomendada de BDRs, para facilitar a sua diversificação internacional.

Afinal, vale a pena investir nesses títulos?

Assim como qualquer ativo financeiro, os ADRs possuem vantagens e desvantagens para o investidor. Entre os pontos positivos, está a praticidade de investir em empresas de diversas partes do mundo diretamente nas bolsas americanas. Dessa forma, não é necessário ter conta em cada um dos países de origem dessas empresas, pois basta comprar o recibo nos EUA – infelizmente

Outro ponto positivo é a diversificação da carteira que os ADRs proporcionam. Além do acesso a diferentes mercados, o investidor pode receber dividendos em dólares, o que é uma boa para quem busca renda passiva com investimentos.

Normalmente, quem investe em ADRs são pessoas que já operam nas bolsas norte-americanas. No entanto, esses títulos também podem ser interessantes para quem mora no Brasil e investe em empresas brasileiras, como uma estratégia de arbitragem. Isso porque, eventualmente, pode haver diferenças de preços entre as ações negociadas na B3 e os ADRs. Como os preços de ambos tendem a andar juntos, alguns investidores aproveitam esses momentos de descolamento para tentar ganhar com operações de prazos mais curtos.

Lembrando que, para emitir ADRs, as empresas precisam seguir as normas do mercado financeiro norte-americano. Isso dá segurança ao investidor, principalmente em relação à governança corporativa dessas companhias. Mais um ponto positivo em relação aos ADRs.

Por outro lado, para ter acesso aos ADRs, é preciso ter conta em um banco ou corretora americana. Logo, para quem deseja diversificação internacional com mais praticidade, isso pode não ser interessante.

Além disso, as exigências do mercado americano podem dificultar que algumas empresas de fora consigam oferecer ADRs nas bolsas do país. Dessa forma, as opções de investimentos poderão ficar mais limitadas.

Por fim, é importante lembrar que existe o risco cambial dos ADRs. Como vimos, esses títulos são negociados nos EUA, o que expõe o investidor estrangeiro a duas variações cambiais: ao dólar e à moeda do país de origem da empresa. E, dependendo das condições locais da economia, também pode haver risco político que desestabilize o câmbio. Portanto, quem deseja investir em ADRs precisa estar bem informado sobre o mercado de origem da companhia emissora.

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