Quem deseja diversificação para a carteira, precisa conhecer os fundos multimercados. Considerados os mais versáteis entre os tipos de fundos de investimento, eles conseguem atender a diferentes perfis de investidores, e existem alternativas para todos os bolsos.
Se você está em busca de novas formas de diversificar seu patrimônio e ainda não conhece os fundos multimercados, continue a leitura e conheça algumas das perguntas mais comuns entre os investidores sobre o tema.
1 – O que são fundos multimercados?
Os multimercados são fundos que possuem uma peculiaridade em relação a outras categorias, que é a maior liberdade de atuação do gestor. Isso porque, dependendo da estratégia que adotar, ele pode alocar o patrimônio sem limitações estabelecidas por outros tipos de fundos.
Por exemplo, um fundo multimercado pode investir em títulos de renda fixa, ações, ativos internacionais, ativos ligados à variação do ouro, entre outros. E também pode utilizar instrumentos de derivativos, seja para alavancar os resultados ou como forma de proteção da carteira.
Essa versatilidade faz com que os multimercados sirvam a diferentes perfis e estratégias de investimentos, conforme veremos no próximo item.
2 – Para quem os fundos multimercados são indicados?
Como vimos, os fundos multimercados podem ser compostos por ativos de diferentes categorias, a critério da estratégia escolhida pelo gestor. Isso significa que podemos encontrar desde fundos mais conservadores, que aplicam predominantemente em renda fixa, até os mais arrojados, que investem em derivativos e renda variável de maior volatilidade.
Logo, existem opções que podem atender a perfis que vão de moderados a arrojados. Já para quem tem mais aversão ao risco, cabe o alerta de que os fundos multimercados podem não ser a melhor alternativa. Mesmo os que aplicam predominantemente em renda fixa podem ter crédito privado no patrimônio (como debêntures, CRIs ou CRAs, por exemplo), que possuem mais risco do que a renda fixa bancária. Portanto, se um investidor mais conservador estiver pensando em um fundo multimercado, o ideal é que adquira uma proporção pequena de sua carteira.
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3 – Quais as estratégias dos fundos multimercados?
Como essa classe de fundos admite diferentes combinações por parte dos gestores, a ANBIMA – associação que regula o mercado de capitais brasileiro – classificou os multimercados em 11 subcategorias. Por sua vez, essa classificação considera a estratégia e a forma de alocação de ativos, conforme veremos a seguir.
Balanceados
Esse tipo de fundo multimercado investe em diversas classes de ativos (inclusive em cotas de outros fundos) com foco no longo prazo. Nos fundos balanceados, o gestor deve especificar a composição dos investimentos nas diferentes classes de ativos e as políticas de rebalanceamento, e essa estratégia não permite alavancagem.
Dinâmicos
Assim como os balanceados, os fundos dinâmicos podem investir em diversas classes de ativos. No entanto, não precisam se comprometer com um mix predeterminado, o que torna a sua política de alocação mais flexível. De acordo com as condições de mercado, o gestor pode alterar os ativos e, inclusive, utilizar alavancagem.
Macro
Como o nome sugere, esse tipo de fundo multimercado define sua estratégia com base em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo. Dessa forma, o gestor pode operar em diversas classes de ativos, conforme o contexto mais favorável.
Trading
Os fundos que utilizam essa estratégia trading também investem em diversas classes de ativos. Porém, ao contrário dos macro, o seu horizonte visa o curto prazo, buscando lucrar com as oscilações dos preços no trading.
Juros e moedas
Nessa classe de multimercados, estão os fundos que buscam retorno no longo prazo investindo em ativos de renda fixa com risco de juros, risco de índices inflacionários e risco de moeda estrangeira. Essa estratégia não permite a exposição a ativos de renda variável, como ações ou outros da categoria.
Long and short direcional
Aqui, a estratégia do gestor consiste em montar posições compradas (long) e vendidas (short) simultaneamente, sendo que uma delas tem mais peso na estratégia. Para isso, as operações envolvem ativos e derivativos.
Long and short neutro
Nesse caso, também existirão posições compradas e vendidas, porém sem viés – daí a palavra neutro na estratégia. O gestor também pode usara derivativos, mas com exposição líquida limitada a 5% do patrimônio do fundo.
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Capital protegido
No capital protegido, o objetivo é obter ganhos em mercados de risco. Nessa situação, o gestor poderá buscar alternativas para proteger o capital investido total ou parcialmente.
Estratégia específica
A estratégia desse tipo de fundo elege um ativo ou derivativo específico e foca somente nele, como futuros de índices, commodities, entre outros.
Livre
A estratégia livre pode se utilizar de todas as que vimos anteriormente, sem qualquer tipo de compromisso de concentração em um ou outro ativo. Normalmente, o gestor vai fazendo adaptações, de acordo com o momento econômico e do mercado.
Investimentos no exterior
Para que receba essa classificação, o fundo multimercado precisa ter, no mínimo, 40% de seu patrimônio investidor em ativos financeiros fora do país.
4 – Quais os custos dos fundos multimercados?
Todo fundo de investimento possui taxas que servem para remunerar o trabalho do gestor e do administrador e, nos multimercados, isso não é diferente. Nesse sentido, as mais comuns são as taxas de administração e, em alguns casos, a de performance.
A taxa de administração incide sobre o patrimônio total do fundo, e é expressa em percentual ao ano, embora sua cobrança seja feita diariamente, de maneira proporcional. Já a taxa de performance representa um percentual sobre o valor que ultrapassar o benchmark do fundo, normalmente entre 10 e 20%. Enquanto a taxa de administração corresponde à remuneração da equipe do fundo, a de performance pode ser considerada um bônus para o gestor que superou as expectativas de rentabilidade.
Há também a tributação dos fundos multimercados, que possuem Imposto de Renda sobre os rendimentos, come-cotas e, nos casos de resgates antes de 30 dias, IOF. No link abaixo, você confere com detalhes os custos dos fundos de investimentos:
Quais os custos dos fundos de investimento?
5 – Dá para usar um fundo multimercado para a reserva de emergência?
Pelo fato de investirem em diversas categorias de ativos, os fundos multimercados podem ter diversos prazos de cotização e liquidação. Não é raro encontrarmos fundos que estabelecem prazos longos para o resgate, justamente porque possuem ativos menos líquidos no patrimônio. Logo, um fundo multimercado não pode ser usado para a reserva de emergência, pois ele não terá liquidez imediata ou diária como um fundo DI ou outros ativos próprios para emergências financeiras.
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6 – Como escolher um fundo multimercado?
O primeiro passo para escolher um fundo multimercado é conhecer a sua estratégia. Como vimos, eles podem contemplar diversos ativos financeiros, desde os mais conservadores até os mais voláteis. Além disso, algumas estratégias permitem o uso de derivativos, o que torna esses fundos bastante arrojados.
Outro ponto importante a saber é que os multimercados não são obrigados a seguir um limite por emissor, como acontece com os fundos de ações, por exemplo. Isso também contribui para aumentar o risco, e deve ser observado pelo investidor na hora da contratação.
O histórico de resultados é outro aspecto a ser avaliado, para que se possa fazer uma comparação com outros fundos da categoria. Embora rentabilidade passada não seja garantia de bons resultados futuros, podemos ter ideia da capacidade do gestor ao analisarmos o retrospecto do fundo.
Por fim, é preciso conhecer as taxas cobradas pelo fundo, pois elas impactarão diretamente na rentabilidade do investimento. Todas as informações sobre custos, estratégia, gestão e outras relevantes devem constar no regulamento do fundo, documento obrigatório para o investimento e que traz todas as regras para orientar os investidores.