Rentabilidade negativa na renda fixa: por que isso acontece?

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra gráfico apontando a rentabilidade negativa na renda fixa
Imagem mostra gráfico apontando a rentabilidade negativa na renda fixa

Quem investe no Tesouro Direto e tem títulos prefixados e híbridos, possivelmente já se deparou em algum momento com a rentabilidade negativa na renda fixa ao conferir o extrato da aplicação.

Para muitos, isso pode ser confuso e até preocupante. Afinal, se o Tesouro Direto é o investimento mais seguro do mercado, como perder dinheiro com ele? Pois saiba que a rentabilidade negativa pode alcançar não só os títulos públicos federais, mas também outros papéis prefixados e indexados à inflação. Em outras palavras, você pode sim ter prejuízo com esse tipo de investimento, a depender do momento em que negocia o papel, conforme veremos a seguir.

O que é a rentabilidade negativa na renda fixa?

A rentabilidade negativa ocorre quando o valor de resgate de um título é menor do que a aplicação original. À primeira vista, isso pode soar absurdo, ainda mais quando falamos em renda fixa, que remete à certeza sobre os rendimentos. Porém, quando um título é resgatado antes do seu vencimento, ele sofre marcação a mercado, que pode causar tanto a valorização quanto desvalorização de determinados papéis.

É importante entender como funciona a marcação à mercado, pois ela atinge diferentes títulos de renda fixa, cotas de fundos de investimentos e ativos negociados na bolsa de valores. Acompanhe a seguir.

Marcação a mercado

Marcação a mercado é um mecanismo de atualização diária dos preços que, na renda fixa, recai sobre o Tesouro direto (exceto o Tesouro Selic) e títulos de crédito privado – como debêntures, CRIs e CRAs.

Um exemplo ajuda a entender como essa sistemática funciona. Suponha que, na data de hoje, você tenha adquirido um Tesouro Prefixado com vencimento para daqui a cinco anos e que paga 13% ao ano. Considere também que, hoje, a Selic está em 11% ao ano.

Agora imagine que, nas reuniões do Copom que se seguiram depois do seu investimento, a Selic tenha caído até chegar em 9% ao ano. De acordo com a autoridade monetária, a inflação em queda e a política fiscal sob controle motivaram o corte dos juros. Com a Selic em queda, os títulos que o Tesouro Direto lançar terão juros mais baixos do que os que você receberá pelo seu investimento.

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Em outras palavras, os investidores que adquirirem um Tesouro Prefixado como o seu a partir do novo cenário (com a Selic mais baixa) receberão menos do que os seus 13% para o mesmo prazo. Nesse caso, a queda dos juros fez o seu título ficar mais atrativo do que os novos lançados. Logo, se você tentar vendê-lo antecipadamente, a marcação a mercado lhe favorecerá.

No entanto, o contrário também pode acontecer. Ou seja, se houvesse aumento da inflação, agravamento da instabilidade fiscal ou piora em outras variáveis macroeconômicas, o Banco Central poderia adotar uma política monetária mais restritiva e aumentar os juros. Com isso, o efeito da marcação a mercado agiria contra o título, pois os papéis emitidos depois do seu pagariam juros mais altos.

Porém, é importante entender que, mesmo com as novas taxas mais altas do que a sua no mercado, você só perderia dinheiro se resgatasse antecipadamente o seu título. Se ficar até o vencimento, receberá os 13% combinados no início do investimento, independentemente do valor que ele estiver sendo negociado diariamente.

O que influencia na marcação a mercado?

A direção da taxa Selic afeta diretamente a marcação a mercado. Quando existe a expectativa de que os juros subam, o valor atual dos títulos prefixados cai. Por outro lado, esses papéis terão valorização se a tendência da Selic for de queda.

Outro aspecto que impacta na marcação a mercado é a liquidez do título ou da cota do fundo. Isso porque, se o ativo tiver um bom volume de negociação, é mais provável que o investidor tenha facilidade para negociá-lo.

Além disso, acontecimentos nos cenários econômicos nacional e internacional podem influenciar a disposição de investidores quando aos títulos brasileiros. Dependendo de indicadores macroeconômicos, acontecimentos pontuais e aspectos que possam afetar o grau de confiança no país, os investimentos podem se tornar mais ou menos atrativos aos olhos do mercado.

Rentabilidade real e rentabilidade nominal

Já que o assunto é rentabilidade, é importante entender também os conceitos de juros reais e juros nominais nos investimentos.

Os juros reais representam o que efetivamente ganhamos em uma aplicação, descontado o impacto da inflação do início ao resgate do título. Em outras palavras, o juro real representa o que o dinheiro rendeu de fato acima da inflação.

Já os juros nominais são aqueles que constam na descrição do título que adquirimos junto a uma instituição financeira. Por exemplo, um CDB prefixado que paga 13% ao ano, ou um Tesouro IPCA+ a 5% ao ano mais a variação do índice de inflação.

Veja no conteúdo abaixo como identificar a taxa real de juros de um investimento:

Taxa de juros real: por que é importante e como calcular?

No entanto, se a variação do IPCA tivesse sido maior do que a taxa nominal, o juro da aplicação teria perdido para a inflação. É justamente essa situação que precisamos evitar nos investimentos e, por isso, é tão importante conhecer a taxa de juros real.

E o que fazer com a evitar a rentabilidade negativa na renda fixa?

Como vimos, a rentabilidade negativa na renda fixa pode acontecer devido à marcação a mercado. Para evitar que essa sistemática prejudique os rendimentos das aplicações, a solução é não vender o título antes do vencimento.

À princípio, parece algo óbvio, mas muitas pessoas dimensionam mal o portfólio, justamente por não projetarem corretamente os investimentos para o curto, médio e longo prazo. Além disso, montar a reserva de emergência de forma adequada é fundamental para que a rentabilidade da carteira não seja sacrificada com eventuais resgates antecipados.

Se você também tem dúvidas sobre como investir corretamente, acesse os links abaixo e encontre mais informações sobre como selecionar seus investimentos da melhor forma!

Liquidez diária: confira 3 alternativas para sua carteira

Reserva de emergência: 6 perguntas frequentes sobre o tema

Fundo de renda fixa para reserva de emergência: afinal, pode?

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