Temporada de balanços do 3T22: análise da Terra Investimentos

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra painel da B3 na temporada de balanços do 3T22
Imagem mostra painel da B3 na temporada de balanços do 3T22

A temporada de balanços do 3T22 chegou ao fim na segunda-feira (14), com a divulgação dos números do Nubank (NUB33), Dasa (DASA3), Localiza (RENT3) e Orizon (ORVR3).

De forma geral, as empresas listadas na bolsa não apresentaram resultados surpreendentes. Para a equipe da Terra Investimentos, isso se deve basicamente à desaceleração da economia mundial e à lenta recuperação do mercado interno nos últimos meses.

Porém, mesmo sem surpresas, tivemos destaques positivos e performances que ficaram aquém das expectativas do mercado. A seguir, confira os principais aspectos destacados pela Terra Investimentos em relação ao 3° trimestre de 2022.

Qual o balanço da temporada de balanços do 3T22?

Primeiramente, veremos os destaques positivos dessa temporada. Acompanhe.

Destaques positivos

Segundo o analista Luis Novaes, os setores de petróleo e celulose performaram acima da média de commodities no último trimestre.

“As empresas brasileiras de commodities tiveram seus resultados afetados pelos baixos prêmios realizados no trimestre, em decorrência da demanda enfraquecida no exterior. A exceção ficou por conta dos setores de petróleo e de papel e celulose, que conseguiram registrar bons resultados apesar da situação adversa no mercado internacional”, avalia Novaes.

Já o analista Regis Chinchila considera a Weg (WEGE3) o melhor resultado da temporada de balanços do 3T22. Isso porque a empresa conseguiu aumentar sua receita líquida com a expansão de suas linhas de negócios, principalmente geração, transmissão e distribuição de energia.

“A situação adversa da economia internacional baseava as baixas expectativas sobre os resultados da Weg para esse trimestre. Entretanto, o trimestre da empresa foi muito melhor do que os investidores imaginavam”, disse Régis Chinchila ao Estadão.

Segundo o analista, esperava-se uma queda na demanda por equipamentos industriais, mas isso não se concretizou. Além disso, a disparada dos preços de energia ocasionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia alavancaram os ganhos de óleo e gás. Consequentemente, isso acabou beneficiando as empresas que fornecem equipamentos ao setor, como a Weg. No 3T22, o lucro líquido da companhia disparou 42,5% no comparativo anual, atingindo R$ 1,15 bilhão.

Ainda no setor industrial, Regis destaca o bom desempenho da Gerdau (GGBR4) no período. Na mesma declaração ao Estadão, o analista observa que o resultado da produtora de aço sofreu pressão da baixa demanda por metais no período. No entanto, assim que o governo chinês abandonar sua política de Covid-zero e a economia do país tornar a se expandir, isso fará com que a Gerdau recupere os seus resultados.

No setor financeiro, Chinchila aponta o bom desempenho do Banco do Brasil (BBAS3) no 3° tri, devido aos ganhos por causa do seu posicionamento no agronegócio, como políticas de crédito rural a produtores familiares, por exemplo “Dessa forma, a empresa superou a dificuldade que o setor passou, de um aumento sistêmico da inadimplência”, disse.

Destaques negativos

Por outro lado, as piores performances do 3T22 foram as do segmento varejista. De acordo com levantamento da Economatica a pedido do Estadão, o lucro do setor caiu 218% na comparação entre o segundo e o terceiro trimestre desse ano.

Segundo Luis Novaes, o consumo brasileiro ainda não se recuperou com a intensidade que os investidores esperavam. Dessa forma, as projeções de melhores resultados foram adiadas para o próximo ano. “Os ativos domésticos cíclicos continuam a ser pressionados pelos altos juros vigentes, como consequência das preocupações ainda elevadas das autoridades monetárias sobre a inflação no país”, observa Novaes.

De acordo com os analistas da Terra, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) foi quem teve o pior desempenho da temporada de balanços do 3T22. Nesse sentido, a companhia registrou um aumento de 71% no prejuízo líquido, que passou de R$ 173 milhões no trimestre anterior para R$ 296 milhões nos meses de julho a setembro. Para a equipe da Terra, os números do conglomerado – que novamente vieram muito abaixo do esperado – mostram que não há capacidade para a reversão desse prejuízo no futuro próximo.

E o que esperar para os próximos trimestres?

Para Regis Chinchila, diante da instabilidade da economia no exterior, o Brasil ainda é um dos melhores lugares para se investir, apesar das incertezas sobre o novo governo.

“Então, pode ser preferível para investidor escolher ativos que estejam expostos apenas ao mercado brasileiro, principalmente ao setor de serviços, que demonstrou ser o mais sólido nos últimos meses”, disse o analista ao Estadão.

Sobre serviços, Luis Novaes também observa que o setor apresentou certa recuperação nos últimos tempos, contando com margens parcialmente reconstruídas, como consequência do alívio inflacionário momentâneo no trimestre.

Em relação ao varejo, Regis avalia que o quarto trimestre é um período em que o segmento tende a apresentar seu melhor resultado. Logo, é razoável pensar que essas empresas, que não foram bem no 3T22, apresentem certa recuperação.

Porém, muitas outras dependem de uma mudança significativa na situação econômica internacional, o que não deve ocorrer já no próximo trimestre. “Assim, os resultados devem ser realmente modificados no próximo ano, quando se espera que a China reabra sua economia. No mais, vai depender muito das decisões das equipes gestoras das empresas para encontrarem receitas ou margens nesse período”, disse Chinchila.

Por fim, para que o investidor consiga antecipar o desempenho das empresas no próximo trimestre, o analista sugere que atenção aos índices específicos de cada setor. Além disso, é importante é importante acompanhar fatores que tenham impacto nos resultados.

“Não houve muitas mudanças desde o início do quarto trimestre, mas esses últimos 45 dias podem ser decisivos, principalmente para as empresas de commodities. Isso porque a mudança de política em relação à covid – o que é improvável – pode impulsionar os preços rapidamente, favorecendo empresas do setor de mineração e materiais básicos, por exemplo”, avalia Regis.

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email
Blog Terra Investimentos

Posts Relacionados