Mesmo quem não investe na bolsa sabe que o mercado acionário é marcado por fortes oscilações, que alternam ondas de otimismo e de pessimismo por parte dos investidores. Dependendo da intensidade dessas fases e das consequências que elas trazem, algumas delas ganham denominações próprias, como é o caso do bull market e bear market.
Bull (touro) e bear (urso) não são as únicas metáforas do mercado financeiro que remetem a animais. Para descrever a postura dos bancos centrais em relação à política monetária, por exemplo, costuma-se utilizar as expressões hawkish (contracionista) e dovish (expansionista).
Entender o que significam bull market e bear market é muitos importante na hora de decidir sobre os investimentos. Dependendo do período, poderá ser mais interessante adquirir ativos, aguardar para negociar melhor ou abrir posições em determinados casos.
Neste conteúdo, explicaremos o que significam essas duas expressões no mercado financeiro e o que cada uma delas tem a ver com a bolsa de valores. Além disso, você conhecerá algumas estratégias que os investidores utilizam quando o mercado está em uma ou em outra situação. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!
O que é bull market?
A imagem de um touro (bull em inglês) é repetidamente utilizada por bolsas de valores e corretoras de investimentos ao redor do mundo. Inclusive, há uma grande estátua de bronze do animal em Wall Street, nas proximidades da NYSE, a maior bolsa de valores do mundo. No mercado financeiro, o touro faz referência aos momentos de otimismo, representando o ciclo de alta dos ativos, no qual existe mais apetite por investimentos de risco.
Especula-se que a figura do touro foi escolhida para caracterizar esses momentos por causa da forma como o animal ataca. Como ele chifra de baixo para cima, acaba impulsionando o objeto atacado, daí a expressão bull market fazer alusão ao mercado em alta.
No bull market, a expectativa é de que os ativos continuem em alta, o que motiva os investidores a comprarem cada vez mais. À medida que a negociações dos ativos crescem, os preços também aumentam com o passar do tempo.
O que caracteriza um bull market?
Podemos dizer que o mercado passa por um bull market quando a alta dos ativos se mantém por um período relativamente longo. Isso não significa uma alta sempre contínua, pois poderá haver pequenas oscilações dos preços para baixo mesmo nessa fase.
No entanto, o movimento de alta acaba absorvendo eventuais quedas nos preços. Com o aquecimento do mercado, as empresas passam a produzir e vender mais e aumentam seus lucros, o que torna a economia mais robusta. Isso acaba elevando o preço de suas ações, e puxa para cima os principais índices do mercado acionário.
Normalmente, os ciclos do mercado financeiro acompanham a economia e a política monetária. Por exemplo, quando há crescimento do PIB, controle da inflação e melhora dos índices de desemprego, tudo isso gera otimismo em relação ao futuro. Com inflação controlada, o governo pode sinalizar com queda de juros, o que estimula não só o consumo, mas os investimentos na bolsa de forma geral.
Outro fator que contribui para o bull market são os ciclos de alta das commodities, pois esses ativos são muito importantes no muito inteiro.
Quanto tempo dura um bull market?
Não há como prever a duração de um ciclo de alta na bolsa. Como vimos, para ser considerado bull market, é preciso que a tendência de valorização dos ativos persista por um tempo consideravelmente longo, ao menos de alguns meses. Dependendo do cenário econômico local e internacional, essa fase pode ser mais ou menos extensa.
O que é bear market?
Assim como o touro, a figura do urso também faz alusão a sua forma de ataque, pois o animal usa suas garras de cima para baixo, derrubando a presa. Por isso, a expressão bear market caracteriza o período em que os ativos entram em queda contínua e sustentada, exatamente o contrário do que acontece no bull market.
Nesse período de queda dos ativos, o movimento do investidor passa a ser predominantemente vendedor. Com mais oferta de ativos, os preços tendem a permanecer em baixa, até que alguma novidade reverta o pessimismo do mercado.
O que caracteriza um bear market?
Podemos identificar um bear market quando o cenário econômico se apresenta de forma exatamente oposta ao bull market. Ou seja, os indicadores macroeconômicos começam a piorar, e isso faz com que o preço dos ativos financeiros comecem a oscilar. Nesse caso, as quedas já não são mais compensadas por altas subsequentes, o que mantém esses ativos em baixa sustentada por um tempo razoável.
Para conter a inflação, o governo aumenta a taxa de juros, o que arrefece o consumo mas também desacelera os negócios no mercado acionário. Isso porque a renda fixa se torna mais atrativa em tempos de juros altos, o que faz a bolsa cair.
O dinheiro mais caro também dificulta a operação das empresas, que necessitam de capital de giro ou de investimentos na produção. Com menor faturamento, a tendência é de que os resultados também caiam, e a piora da performance se reflete no preço das ações. Tudo isso traz mais risco para o mercado, o que provoca desconfiança e, consequentemente, retração nos investimentos.
Como investir em cada um dos cenários?
Agora que já podemos identificar esses ciclos, é hora de sabermos como tirar o melhor proveito dos investimentos em cada um deles. Acompanhe a seguir.
Investir no bull market
Momentos de ativos em alta favorecem as estratégias de quem opera comprado, independentemente do prazo. No day trade e swing trade, o investidor pode lucrar com a variação de preços em um espaço curto de tempo. Já quem investe com foco no longo prazo, pode utilizar a análise fundamentalista para encontrar empresas com bom potencial de crescimento.
Desde que não esteja excessivamente cara, não tem problema comprar uma ação que tenha subido de preço, afinal isso mostra o potencial de valorização dos títulos. Mas também é importante tentar encontrar boas oportunidades entre as ações mais baratas, utilizando a técnica do value investing. Mesmo em tempos de bull market, algumas empresas com bons fundamentos podem ter papéis descontados, que podem trazer boa rentabilidade para a carteira de longo prazo.
O mercado acionário em alta também beneficia quem investe com foco em dividendos. De forma geral, os lucros crescem em tempos de economia aquecida, e isso faz com que, normalmente, as empresas aumentem a distribuição de proventos.
Investir no bear market
Como esse período é caracterizado pelo mercado em baixa, uma forma de obter resultados é operar vendido, ou seja, apostando na desvalorização dos ativos. Uma das formas de fazer isso é por meio do aluguel de ações, em que o investidor literalmente aluga o título para vendê-lo quando os preços estão em queda. Tempos depois, ele compra o título, devolve ao seu proprietário e lucra com a diferença de preço se, de fato, o preço tiver caído.
Esse tipo de operação pode ser feita com outros ativos além de ações, como fundos imobiliários, por exemplo. Não que o aluguel não possa ser feito durante o bull market, pois, como vimos, os preços dos ativos sempre apresentarão oscilações. Mas no bear market, a tendência de queda é bem mais forte, o que colabora para o sucesso da estratégia.
No mercado, a expressão short significa operar vendido, e a estratégia pode ser aplicada de diferentes maneiras, conforme detalhamos no link abaixo:
No bear market, o cenário mais retraído desestimula os investimentos em ativos de risco. Por isso, esse acaba sendo um bom momento para escolher um bom título de renda fixa, que proporcione mais segurança e rendimentos mais elevados, em especial quando os juros estão em alta.
