Crédito privado: o que é e quando investir nesse tipo de renda fixa

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra reais em alusão ao investimento em crédito privado
Imagem mostra reais em alusão ao investimento em crédito privado

De forma geral, os títulos de renda fixa mais populares são os emitidos pelo governo federal – Tesouro Direto – e pelas instituições financeiras, como CDBs e letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCIs e LCAs), por exemplo. Mas assim como o governo e os bancos, as empresas não financeiras também emitem títulos para captação de recursos. Nesse caso, estamos falando do crédito privado, categoria que inclui debêntures, certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRIs e CRAs), fundos de direitos creditórios (FDICs) e outros, normalmente de longo prazo.

“O investimento em crédito privado é um pouco mais complexo do que outras classes de renda fixa. Isso porque seu mercado acaba sendo mais fechado em relação ao de títulos públicos, por exemplo, e pelas características de cada emissor”, observa Luis Novaes, analista da Terra Investimentos.

Ainda assim, ressalta o analista, existem alternativas facilitadas, como os fundos e os ETFs de crédito privado. Segundo Novaes, esses investimentos apresentam maior liquidez e um rendimento acima da renda fixa soberana, o que pode funcionar como um primeiro passo nesse mercado.

Continue a leitura e saiba mais sobre o crédito privado e suas perspectivas para o momento atual, de acordo com a equipe da Terra Investimentos.

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Quando investir em crédito privado?

De acordo com Novaes, o investimento em crédito privado se torna mais interessante quanto os juros estão altos, mas em um patamar que não seja muito restritivo.

“Um ambiente macroeconômico de juros restritivos pressiona as margens das empresas. Isso afeta a sua capacidade de pagamento de juros, o que resulta em níveis elevados de inadimplência”, explica o analista.

Em um cenário muito restritivo, o grau de incerteza se torna muito alto para que o investidor continue com um título de crédito privado. Em uma política monetária muito contracionista, a situação financeira das empresas pode se deteriorar a ponto de não conseguirem honrar com seus pagamentos. E situações de stress do mercado – como aponta Novaes – dificultam a saída antecipada do ativo por parte do investidor.

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Como escolher um ativo de crédito privado?

Na escolha de um investimento, o principal é se ater à relação entre risco e retorno do ativo. No caso do crédito privado, destacam-se os riscos de crédito, de mercado e de liquidez, “ainda que outros sejam relevantes”, como esclarece Novaes.

Risco de crédito

O risco de crédito está relacionado à capacidade de o emissor honrar com os pagamentos da dívida no prazo determinado. Uma forma rápida de verificar esse risco é observar a classificação de risco atribuída por uma agência contratada pelo emissor – S&P, Fitch e Moody’s são as mais renomadas. Os ratings de crédito podem apresentar variações, dependendo da agência classificadora, e vão de AAA (mais alto) até D (mais baixo).

“Além do rating, é importante analisar o tamanho da dívida da empresa e sua capacidade de geração de caixa. Isso ajuda o investidor a entender se as margens não serão contraídas a ponto de inviabilizar o pagamento da dívida”, alerta o analista.

Risco de mercado

Já o risco de mercado (ou risco sistêmico) leva em conta mudanças no cenário econômico nacional ou externo que possam ter impacto sobre os preços dos ativos. Por exemplo, juros e inflação, crises econômicas e políticas e instabilidades que mexam com a economia de forma geral.

Novaes ressalta a importância do risco de mercado especialmente quando não existe certeza de que o título será levado até o vencimento.

“Em uma saída antecipada, o título sofrerá marcação a mercado, ou seja, será precificado conforme a taxa vigente no momento, independente do que foi negociado na contratação do investimento. Isso pode penalizar o retorno do investidor, lembrando que títulos longos tendem a ser mais expostos aos efeitos de mercado e, por isso, requerem mais atenção”, esclarece.

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Risco de liquidez

Por fim, a liquidez reflete a disposição dos investidores para negociar determinado ativo. Logo, quando não há interesse por marte do mercado, estamos diante de um problema de liquidez. E esse risco não atinge somente o crédito privado, pois todos os ativos financeiros estão sujeitos a ele, em maior ou menor grau.

Luiz Novaes alerta que o risco de liquidez também é importante diante da possibilidade de uma saída antecipada do investimento. Isso porque títulos com um baixo volume de emissão baixa terão um apelo menor para os investidores no mercado secundário.

“Essa situação pode deixar o investidor preso a um título, ou resultar em uma saída muito mais desvantajosa em relação a outro ativo com as mesmas características, mas com uma liquidez maior”, diz.

Como está o atual momento para o crédito privado?

Luis Novaes avalia que o momento atual para o crédito privado é positivo, e a Selic em queda contribui para a recuperação da lucratividade das empresas.

“Passados os choques dos eventos relacionados a Americanas e Light no início de 2023, o mercado ficou mais confiante à saúde financeira das empresas nos próximos anos. Além disso, os juros caíram para um patamar mais saudável, o que também favorece o crédito privado de forma geral”, avalia.

Para o analista, a perspectiva é que os níveis de inadimplência caiam nos próximos meses e os episódios de inadimplência se tornem menos frequentes. Isso reduzira o risco do crédito privado, enquanto as taxas seguem em um nível atrativo.

“Por esses motivos, a nossa expectativa para 2024 é de que as empresas passem a emitir mais títulos de dívida. Logicamente, não dá para desconsiderar o risco de inadimplência, tendo em vista que o ambiente macroeconômico segue adverso e as margens das empresas estão ainda pressionadas, mas a perspectiva é de melhora para os próximos anos”, diz.

Sobre indicações , Novaes aponta que, na plataforma da Terra, existem algumas opções de fundos de crédito privado atrelados ao CDI e IPCA, além da recomendação do DEBB11, um ETF listado na bolsa que replica o índice Teva Debêntures DI.

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