Na bolsa de valores, além de ações, ETFs, fundos imobiliários e outros ativos de renda variável, também podemos encontrar diferentes estratégias de investimentos. Algumas delas são as operações realizadas no mercado futuro, e que servem tanto para potencializar os ganhos da carteira quanto para proteger os ativos em determinadas circunstâncias.
O mercado futuro negocia derivativos e, portanto, envolve operações com certo grau de risco, que precisam ser bem entendidas para que possam gerar os resultados desejados. Neste conteúdo, explicaremos como esse mercado funciona e para quem ele é indicado. Continue a leitura e saiba mais sobre o tema!
O que é mercado futuro?
O mercado futuro é o ambiente da bolsa de valores onde são negociados os contratos futuros. Por sua vez, esses contratos representam a obrigação de comprar ou vender determinado ativo em uma data futura e por um preço predeterminado no momento da negociação.
A princípio, isso pode parecer bastante complicado para quem ainda não tem tanta experiência na bolsa. De fato, o mercado futuro não é tão simples quanto comprar ações, mas basta buscar conhecimento sobre essas operações para que se possa obter os seus benefícios, conforme veremos mais adiante.
Entre os objetos de negociação dos contratos futuros na bolsa brasileira estão ativos como moedas (como dólar e euro), ouro e commodities, e índices – sendo o Ibovespa o principal.
Por exemplo, digamos que um produtor deseja vender 450 sacas de soja daqui a seis meses. Se utilizar contratos futuros para isso, receberá por cada um o valor que o mercado espera que esteja custando cada saca no vencimento da operação. No próximo item, explicaremos essa dinâmica com mais detalhes.
Leia também:
Tipos de derivativos: saiba quais são e quando utilizá-los
Curvas de preço no mercado futuro: o que são e como utilizar
Para que serve o mercado futuro?
Os contratos futuros podem ser utilizados para proteção (ou hedge) de determinados ativos, e também para proporcionar ganhos por meio de especulação ou arbitragem. Acompanhe.
Hedge
O hedge no mercado financeiro funciona basicamente como um seguro, pois busca dar previsibilidade a determinadas operações. Para entender como isso funciona, vamos retomar o exemplo do produtor de soja.
Se a soja fosse vendida hoje, o produtor teria lucro com o valor atual da saca. Mas nada garante que, daqui a seis meses – que é quando ele pode vender o grão – esses preços permaneçam vantajosos. Com sorte, a soja até pode estar mais cara lá na frente, mas, na pior das hipóteses, o preço pode despencar e ele teria prejuízo na comercialização.
Para se proteger de uma eventual queda nos preços, o produtor pode negociar contratos futuros de venda da soja. Dessa forma, ele consegue garantir o preço de hoje quando o produto ainda está na lavoura.
Lembrando que os contratos futuros não se restringem ao agro, pois eles também são utilizados em operações que envolvem moedas estrangeiras. Exemplo: imagine uma empresa que vende 100% de sua produção no mercado interno, mas que assumiu uma dívida em dólar. Para sofrer com uma possível disparada da moeda, essa empresa pode comprar contratos futuros em dólar por um preço estabelecido para determinada data. Com isso, ela não fica exposta aos efeitos da variação cambial da dívida dolarizada.
Especulação
Aqui, o objetivo não é buscar proteção, mas sim tentar lucrar com os movimentos dos preços de ativos ou índices. Nesse caso, pouco importa qual é o objeto do contrato futuro – se moedas, índices ou commodities – mas sim o quanto os preços oscilaram no prazo desses contratos.
No day trade, é bastante comum operar no mercado futuro. Em vez de negociar ações ou algum outro ativo, o trader opera derivativos, e apura o lucro ou prejuízo no mesmo dia, ao final do pregão.
Arbitragem
Na arbitragem, a intenção também é lucrar com a operação, mas com a diferença de preços de um mesmo ativo em mercados diferentes.
Isso pode acontecer por diversos motivos. Não é raro, por exemplo, encontrarmos a mesma ação com preços diferentes nas bolsas de valores ao redor do mundo. Quando percebe uma situação como essa, o investidor pode comprar a ação na bolsa onde ela estiver mais barata e vendê-la no mercado mais caro.
A mesma lógica se aplica ao mercado futuro. Por exemplo, em algum momento, o investidor avalia que o preço de compra ou de venda do dólar ou de alguma commodity pode cair ou subir dentro de determinado período. Nesse caso, ele pode tentar obter lucro fazendo uma compra ou venda do ativo no mercado à vista e, simultaneamente, uma operação contrária no mercado futuro.
Em relação à especulação, a arbitragem costuma apresentar ganhos mais modestos, sendo necessário um volume maior de contratos para que se possa alcançar um bom lucro. E o risco também é bem menor, pois o próprio mercado se encarrega de corrigir a distorção de preços, pois o volume de operações acaba pressionando os preços, de forma que eles se equilibrem nos mercados à vista e futuro.
Características dos contratos futuros
Um contrato futuro sempre se refere a um objeto de negociação – também chamado de ativo subjacente – que, como vimos, pode ser uma commodity, um índice ou um ativo financeiro.
Por sua vez, cada ativo subjacente terá a sua cotação e unidade de negociação. No caso das commodities agrícolas, a cotação é em reais por saca, sendo que, para soja e milho, por exemplo, cada contrato futuro se refere a 450 sacas de 60 kg cada. Para o café, são 100 sacas de 60 kg cada.
Já os contratos futuros de dólar equivalem à negociação de US$ 50 mil, o que representa um lote mínimo de 5 contratos (no caso de contrato cheio). Para tornar essas operações mais acessíveis, a bolsa criou os minicontratos, que são frações dos contratos cheios. Saiba mais sobre essas operações no link abaixo:
Minicontratos: o que são e como fazer essas operações?
Outra característica do mercado futuro é a padronização dos contratos, para que todos os investidores consigam negociar o mesmo ativo exatamente nas mesmas condições.
Códigos e vencimentos dos contratos futuros
Cada contrato futuro tem um código, que caracteriza o objeto de negociação e o vencimento do contrato. É muito importante que o investidor conheça bem esses códigos antes de começar a operar no mercado futuro.
Os códigos dos contratos futuros são compostos por seis caracteres, que permitem identificar o ativo principal, o mês e o ano de vencimento.
As três primeiras letras do código caracteriza o ativo negociado. Abaixo, alguns exemplos:
Contrato | Código |
Soja | SOY |
Milho | CCM |
Boi gordo | BGI |
Café arábica | ICF |
Dólar | DOL |
Mini-dólar | WDO |
Índice Bovespa | IND |
Mini-índice Bovespa | WIN |
A quarta letra do código se refere ao mês de vencimento do contrato:
Mês | Código |
Janeiro | F |
Fevereiro | G |
Março | H |
Abril | J |
Maio | K |
Junho | M |
Julho | N |
Agosto | Q |
Setembro | U |
Outubro | V |
Novembro | X |
Dezembro | Z |
Por fim, os dois dígitos ao final do código representam o ano de vencimento do contrato.
Por exemplo, o código SJCU24 se refere a um contrato futuro de soja que vence em setembro de 2024.
Como funciona o mercado futuro?
Aqui, precisamos falar sobre alguns conceitos básicos presentes nas operações do mercado futuro: ajuste diário, margem de garantia e forma de liquidação dos contratos.
Ajuste diário
Vamos retomar o exemplo do produtor de soja que adquiriu contratos futuros para garantir o seu preço de venda.
Todos os dias o preço da soja pode oscilar, para cima ou para baixo. Quando o preço do dia sobe acima do que o produtor contratou, ele tem um lucro; e se encerra o dia abaixo do preço do contrato, há um prejuízo. Mesmo que o vencimento desses contratos seja para daqui a alguns meses, a bolsa apura todos os dias o resultado da operação.
Quando há lucro, o valor é creditado na conta do investidor; e no caso de prejuízo, a conta sofre um débito correspondente no final do dia. Isso é o que chamamos de ajuste diário, e a bolsa faz esse cálculo justamente para garantir a segurança e a liquidez do mercado. Isso porque, com o ajuste diário, os investidores não acumulam dívidas grandes, pois acertam suas contas todos os dias de acordo com o resultado da operação. Isso minimiza o risco de inadimplência caso o resultado das operações não corra conforme o esperado.
Lembrando que o ajuste diário somente antecipa as perdas ou ganhos que o investidor tem durante a vigência do contrato futuro. Em outras palavras, ele não altera o valor total do contrato.
Margem de garantia
Para poder negociar no mercado futuro, a bolsa exige que o investidor apresente uma margem de garantia, que funciona como um tipo de caução. Trata-se de um valor que garante a cobertura de possíveis prejuízos diários que ocorram durante a vigência dos contratos futuros, até a data de sua liquidação.
O valor da margem de garantia representa um percentual dos contratos futuros. No caso de contratos que duram mais de um dia, é a própria B3 que estabelece os valores. Já no day trade, quem define a margem é a corretora na qual o investidor fez a operação.
Podem compor a margem de garantia o dinheiro em conta corrente e alguns investimentos, como CDBs, Tesouro Direto ou determinados ativos de renda variável, como ações e alguns fundos de investimento, por exemplo. Como nem todos os ativos são aceitos como garantia, o ideal é checar com a corretora caso a caso.
Forma de liquidação
A maioria das liquidações dos contratos futuros na B3 são financeiras. Isto é, quem comprou ou vendeu paga ou recebe determinado valor no último dia de ajuste e as posições são liquidadas
Na B3, a única exceção é o café, cuja liquidação futura deve ser física. Nesse caso, é preciso enviar a mercadoria para um dos pontos de armazenamento credenciados, lembrando que o produto deve obedecer aos respectivos critérios de padronização.
A liquidação também pode acontecer por inadimplência, quando o investidor deixa de pagar um ajuste diário. Se isso acontece, a B3 encerra de forma compulsória a posição inadimplente e executa as garantias para cobrir o prejuízo, para garantir a segurança dos demais operadores desse mercado. E, se as garantias não forem suficientes, a bolsa recorre a outras instâncias, como garantias depositadas pela corretora na qual o investidor operou ou o fundo especial de compensação da bolsa, por exemplo.
Qual a diferença entre mercado de opções e mercado futuro?
Assim como os contratos futuros, as opções são um tipo de derivativo que podem ser utilizadas para proteção ou para lucrar com as operações. No entanto, os dois instrumentos possuem diferenças em relação ao seu funcionamento.
Uma delas é o fato de que, no mercado futuro, as partes são obrigadas a comprar ou vender o ativo subjacente no vencimento do contrato. Já no caso das opções, o seu titular (quem compra a opção) terá o direito de exercê-la, e não a obrigação, e fará isso se lhe for conveniente.
Outra diferença é que, para operar opções, não é necessária a margem de garantia, pois não existem ajustes diários. Em vez disso, o investidor desembolsa um valor (prêmio) no início da operação.
A exemplo do mercado futuro, as opções também possuem peculiaridades e termos bem específicos. Para conhecer mais sobre o que o mercado de opções pode oferecer, confira o link abaixo:
Opções: conheça essa forma de investir na bolsa de valores
Como operar no mercado futuro?
Até aqui, conhecemos o funcionamento do mercado futuro, as suas peculiaridades e quando essas operações podem ser interessantes para o investidor.
Para operar efetivamente nesse mercado, o primeiro passo é ter conta em uma corretora, como a Terra Investimentos, que possui uma equipe especializada e experiente para dar todo o suporte a quem deseja investir com segurança.
Como vimos, o mercado futuro oferece uma ampla gama de possibilidades, que vão da proteção de ativos à especulação ou arbitragem para obter ganhos. No entanto, é preciso ter em mente a alta volatilidade dessas operações, pois estamos falando de commodities, índices, moedas estrangeiras e ativos bastante suscetíveis às oscilações do mercado mundial. Portanto, reforçamos aqui a necessidade de conhecimento sobre esse mercado e, é claro, de uma boa assessoria de investimentos!