Top down e bottom up: confira as duas formas de analisar uma empresa

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra gráficos utilizados nas análises top down e bottom up
Imagem mostra gráficos utilizados nas análises top down e bottom up

Top down e bottom up são duas abordagens distintas utilizadas pela análise fundamentalista e por empresas em suas estratégias de gestão.

No mundo dos investimentos, ambas têm o objetivo de avaliar um ativo. Porém, cada uma delas parte de um ponto distinto e, dependendo do objetivo do investimento, uma ou outra pode ser mais adequada.

Que tal conhecer mais essas duas ferramentas para a análise dos seus investimentos? É isso o que veremos a seguir, acompanhe!

Top down e bottom up: o que significam?

Basicamente, o que diferencia top down e bottom up é a ordem da análise. Nesse sentido, uma começa nos aspectos macro e vai até os específicos, e a outra faz justamente o contrário.

No entanto, não basta somente saber o conceito. Isso porque o principal é entender quando cada uma delas é mais útil para avaliar os investimentos. Na sequência, veremos como cada uma dessas abordagens funciona na prática.

Top down

O nome top down (de cima para baixo) já indica o funcionamento dessa metodologia de análise de empresas. Nesse caso, o estudo do investidor começa pelos fatores macroeconômicos. Logo após, ele analisa as perspectivas específicas dos setores no quais deseja investir. Por fim, sua análise alcança os fundamentos, indicadores financeiros e demais aspectos específicos da empresa.

Em outras palavras, na estratégia top down, o investidor olha primeiro para o quadro geral, ou seja, para o cenário macroeconômico. Nesse sentido, têm prioridade na análise variáveis como PIB, inflação, taxa de juros, empregos, câmbio, e assim por diante.

O segundo passo da análise considera as perspectivas para os setores de atuação das empresas e como está o seu posicionamento no mercado. Somente depois de efetuar a análise macroeconômica e setorial é que se olha para aspectos particulares da empresa (resultados, liquidez, endividamento, governança, entre outros).

Etapas da análise top down

A análise top down considera as quatro etapas do ciclo de negócios de uma empresa, que são as seguintes:

– Expansão: nessa fase, espera-se incremento de produção, aumento de vendas e melhora contínua da performance da empresa. Normalmente, esse período acompanha a própria expansão da economia do país.

– Pico: auge da atividade da empresa em termos de produtividade e de resultados.

– Contração: nesse momento, a atividade econômica começa a arrefecer gradualmente. Esse momento ocorre depois de atingido o pico, e é natural nos ciclos econômicos. No entanto, se a desaceleração da economia for muito forte, isso pode levar à piora generalizada dos indicadores de um país, como queda do PIB, aumento do desemprego e assim por diante.

– Ponto de virada: é a fase que sucede a contração, na qual o mercado começa a mostrar novamente otimismo. Nesse sentido, as empresas retomam a normalidade da atividade e o consumo volta a aquecer.

Bottom up

Já na análise bottom up, o ponto de partida é oposto à top down. Ou seja, a prioridade passa a ser as características e todas as particularidades da empresa, que envolvem desde indicadores financeiros a aspectos de imagem e governança. Como o próprio nome diz, a análise começa “de baixo para cima”, partindo dos detalhes até chegar ao cenário macroeconômico.

Classificação das empresas segundo a análise bottom up

A abordagem bottom up considera as empresas sob três diferentes classificações:

– Defensivas: também chamadas de anticíclicas, essas são as empresas que atuam em setores de primeira necessidade. Entram aqui alimentos, telecomunicações, commodities e demais itens que as pessoas não deixam de consumir mesmo quando há crises. Por isso, teoricamente essas empresas acabam sofrendo menos os impactos dos ciclos econômicos.

– Cíclicas: já essas empresas têm a performance dependente do momento da economia. Ou seja, vão bem em momentos de prosperidade e retraem quando o mercado desaquece. Alguns exemplos são empresas de turismo, varejo de moda e demais bens e serviços não indispensáveis.

– Em crescimento: por fim, o desempenho dessas empresas consegue se descolar mais dos ciclos econômicos. Normalmente, aqui estão as small caps em fase inicial de atividade, que ainda estão investindo bastante na expansão do negócio. Por serem novatas, muitas dessas empresas apresentam resultados negativos e ainda não distribuem dividendos. No entanto, isso por si só não significa que sejam um mau investimento.

Alguns indicadores utilizados na análise

Para avaliar uma empresa sob a abordagem bottom up, há diversos indicadores da análise fundamentalista que se pode utilizar. Confira alguns dos mais conhecidos:

– P/L: demonstra a relação entre o preço da ação e o lucro líquido por cada título. Esse indicador permite entender quanto o mercado está disposto a pagar pela ação da empresa.

– EBITDA: mostra quanto a empresa gera de caixa somente com a sua atividade operacional. Nesse sentido, quanto maior for o EBITDA, mais eficiente tende a ser a operação da empresa.

– Indicadores de endividamento: servem para mostrar se a dívida da empresa está em um patamar saudável, que não compromete os seus resultados e o seu futuro. Alguns dos mais utilizados são dívida líquida / EBITDA e dívida líquida / PL.

– ROE: significa retorno sobre o patrimônio líquido, e mede quanto a empresa consegue gerar de resultados utilizando somente recursos próprios.

– Governança corporativa: aqui, entram aspectos como profissionalismo da gestão, transparência das informações, práticas inclusivas, relação da empresa com a sociedade, entre outros.

E quando utilizar uma ou outra metodologia?

Até aqui, entendemos as diferenças entre as abordagens top down e bottom up. No entanto, o mais importante para o investidor é saber em que momento escolher entre uma ou outra.

Na verdade, elas podem perfeitamente ser complementares. Isso porque, para escolher uma ação, o ideal é contar com todas as informações possíveis sobre a empresa, considerando tanto o cenário macroeconômico quanto os fundamentos. Porém, dependendo da estratégia de investimento, uma ou outra terá mais efetividade.

Imagine que você esteja procurando por ações para montar uma carteira de longo prazo, e não mexerá nesse dinheiro por muitos anos. Nesse caso, é mais importante priorizar companhias sólidas, com bons fundamentos, do que aspectos macroeconômicos do momento. Como vimos, a economia passa por ciclos, e é normal boas empresas apresentarem resultados mais fracos em determinados períodos. Logo, se o seu olhar for para o longo prazo, a metodologia bottom up poderá fazer mais sentido.

Agora suponha que o seu principal objetivo seja aproveitar boas oportunidades de mercado. Por exemplo, você percebe que a economia começou a aquecer e isso está motivando as pessoas a consumirem mais. Nesse momento, você identificou uma empresa varejista que está com as ações descontadas na bolsa. É claro que você não comprará essa ação se os fundamentos da empresa estiverem deteriorados. Porém, se a sua estratégia é ganhar com o bom momento do mercado, a abordagem top down prevalecerá na sua decisão.

Perceba que não há uma metodologia mais correta do que a outra. Nesse sentido, o que existe são estratégias distintas de investimentos, e a melhor abordagem de análise dependerá do que você planejou para a sua carteira.

Além disso, para diversificar os investimentos, você pode traçar estratégias distintas. Uma que contemple as oportunidades do mercado, e outra que dê ênfase aos fundamentos e solidez das empresas, independentemente de ciclos financeiros.

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