Como investir com a taxa Selic em dois dígitos?

Tempo de leitura: 4 minutos

Selic em dois dígitos
Selic em dois dígitos

A taxa de juros é uma das variáveis que mais influenciam a economia e, consequentemente, o mercado financeiro de forma geral. Nos últimos tempos, com a Selic em dois dígitos, muitas pessoas têm dúvidas sobre quais as melhores alternativas de investimentos.

Acompanhar a trajetória da Selic ao longo do tempo é fundamental para o sucesso de qualquer estratégia de investimento. Neste conteúdo, falaremos sobre a relação entre o movimento dos juros e o cenário econômico e quais alternativas podem ser mais interessantes para uma Selic em patamares mais altos. Acompanhe a leitura!

O que mexe com a taxa Selic?

Há diversas razões pelas quais os juros caem ou sobem, sendo que algumas têm mais força e se relacionam mais diretamente com a Selic do que outras, conforme veremos a seguir.

Nível de atividade econômica e inflação

Podemos dizer que inflação e condições da atividade econômica são as variáveis que, normalmente, mais mexem com a Selic. E é bem simples entender como elas atuam no cenário econômico.

Imagine um contexto de prosperidade, com níveis de emprego, salários e produção em alta. Nesse caso, as pessoas se sentem mais confiantes para consumir, o que é bom para o país, pois acelera a atividade econômica.

Porém, se o consumo se torna excessivo a ponto de as empresas não conseguirem dar conta da demanda, os preços começam a subir. Nessas horas, para impedir que a inflação saia de controle, uma das medidas que o governo toma para frear o consumo é elevar a taxa de juros. Com o dinheiro mais caro, os ânimos para gastar arrefecem, e os preços, teoricamente, tendem a retornar a patamares inferiores.

Agora pense na situação contrária: um cenário de economia retraída, com empresas em dificuldades financeiras e população com medo do desemprego. Para motivar o consumo e dar um gás na economia, o governo pode baixar os juros, tornando o dinheiro e o crédito mais baratos.

Na linguagem do mercado, a taxa Selic é um dos principais instrumentos de política monetária do governo. Para saber como isso se relaciona com as suas finanças, veja os links abaixo:

Juros nos Estados Unidos

Embora de forma não tão direta quanto a inflação e o nível da atividade econômica nacional, os juros nos EUA também podem influenciar a direção da Selic.

Quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) eleva os juros, isso tende a atrair investidores que buscam rentabilidade em um ambiente mais seguro. Dependendo da magnitude desse aumento e do tempo que os juros permanecerem altos lá fora, é possível que a política monetária de países emergentes – como o Brasil – sofra algum impacto.

Por exemplo, suponha que os juros estejam em queda por aqui, e que o Fed decidiu aumentá-los para controlar a inflação americana. Isso pode fazer com que tenhamos a Selic em dois dígitos por mais tempo do que o governo previa, para manter o mercado brasileiro atrativo e evitar uma saída maior de dólares, o que poderia elevar a inflação.

LEIA TAMBÉM: Cenário econômico 2024: o que esperar daqui para frente?

Quais os melhores investimentos com a Selic em dois dígitos?

Agora, veremos os efeitos de uma Selic mais alta na renda fixa e na renda variável.

Renda fixa

De forma geral, juros mais altos tornam a renda fixa mais atrativa do que a renda variável, pois a remuneração dos títulos acompanha a Selic. Além disso, juros altos encarecem a atividade empresarial, o que pode representar mais risco para determinados setores da bolsa, e isso também deixa o investidor mais alerta.

Mas esse é um panorama geral sobre a influência dos juros nos mercados de renda fixa e renda variável. Para saber onde investir com a Selic em dois dígitos, é preciso primeiro entender a probabilidade de sua trajetória daqui para frente, se para cima ou para baixo.

Em um cenário de juros em alta, os títulos pós-fixados conseguem capturar melhor a rentabilidade, pois acompanham a direção da Selic e CDI. Esse pode ser um bom momento para aumentar aportes no Tesouro Selic, em CDBs pós-fixados ou em outros títulos atrelados ao CDI, como LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, ou mesmo debêntures prefixadas.

Por outro lado, quando há expectativa de queda nos juros, pode ser o momento de garantir previamente uma taxa mais alta. Aqui, podemos contar com as mesmas alternativas anteriores, porém prefixadas.

Lembrando que é sempre importante pensar em proteger a carteira da inflação, principalmente no longo prazo. Podemos conseguir isso com títulos como o Tesouro IPCA+ e outros atrelados a índices inflacionários.

Renda variável

Mesmo que a renda fixa ganhe destaque com a Selic em dois dígitos, isso não significa que não existam opções interessantes na bolsa para diversificar a carteira.

Em tempos de juros mais altos, quem investe em ações pode contar com ativos defensivos, como empresas que possuem mais previsibilidade de caixa e de resultados. Alguns exemplos são as ações de energia elétrica, infraestrutura, telecomunicações, e assim por diante.

Mas atenção: isso não quer dizer que as ações de crescimento devam, necessariamente, ficar de fora da carteira quando a Selic está alta. Ao contrário, se a empresa tem bons fundamentos e se você adquiriu os títulos no momento certo, poderá se beneficiar dos resultados futuros se tudo correr de acordo com o esperado. O importante é ter em mente que esse tipo de ação carrega mais risco do que as de empresas mais estáveis e consolidadas no mercado.

Já no universo dos fundos imobiliários (FIIs), os efeitos da Selic dependerão do tipo do investimento. Normalmente, os fundos de tijolo são mais sensíveis à alta dos juros e, por isso, tendem a sofrer mais neste cenário.

Por sua vez, os fundos de papel costumam se beneficiar quando a Selic está mais alta. Como esses fundos possuem em carteira títulos indexados ao CDI ou IPCA, costumam oscilar menos em tempos de inflação e juros altos, o que lhes traz melhor desempenho em comparação aos de tijolo.

Vamos te ajudar a cuidar melhor do seu dinheiro!

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