Fundo de ações: alternativa para diversificar na renda variável

Tempo de leitura: 6 minutos

Imagem mostra mulher acompanhando rendimentos de fundo de ações
Imagem mostra mulher acompanhando rendimentos de fundo de ações

Quem deseja investir na bolsa de valores, mas ainda não tem a experiência ou o conhecimento necessário para escolher ações, pode fazer isso por meio de um fundo de ações.

Da mesma forma que outros fundos de investimento, os fundos de ações contam com um gestor profissional, que seleciona os ativos de acordo com a sua estratégia. Dessa forma, ao adquirir cotas desses fundos, o investidor consegue obter diversificação de forma bastante simples e direta, sem precisar analisar individualmente cada título que irá compor a carteira.

Neste conteúdo, mostraremos o que são e como funcionam os fundos de ações, para que você entenda se esse tipo de investimento é adequado ou não ao seu perfil. Portanto, se você está em busca de novas alternativas na renda variável, ou simplesmente deseja saber mais sobre o tema, continue a leitura a seguir!

Ações: guia completo para começar a investir no mercado financeiro

O que é um fundo de ações?

Por definição legal, esses são os fundos que devem aplicar, pelo menos, dois terços (ou 67%) de seu patrimônio no mercado acionário. Ou seja, a alocação desses fundos não contempla somente ações, mas também outros ativos de renda variável.

Por exemplo, certificados de depósito de ações, bônus ou recibos de subscrição, cotas de outros fundos de ações, e também títulos que representam ativos internacionais, como os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), podem constar no patrimônio de um fundo de ações. Os outros 33% dos recursos podem ser investidos em outros tipos de ativos financeiros.

De forma geral, um fundo pode investir até 20% em títulos emitidos por uma única instituição financeira. Em relação a companhias de capital aberto e outros fundos, esse percentual reduz para 10% dos recursos totais. Por fim, no caso de outros emissores, o limite é de 5% do patrimônio.

Nesse sentido, uma peculiaridade dos fundos de ações é que eles não precisam respeitar os limites de concentração por emissor que valem para outros fundos. No entanto, é preciso que isso conste explicitamente no regulamento do fundo, e que o gestor informe a concentração no termo de adesão e ciência de risco.

Funcionamento dos fundos de ações

Como vimos, esse tipo de fundo segue a mesma lógica de outros fundos de investimento disponíveis no mercado. Ou seja, ele possui um gestor, que irá analisar e escolher os ativos para investir de acordo com a sua estratégia. Com o patrimônio do fundo constituído, o próximo passo é dividi-lo em cotas para oferecê-las aos investidores.

Quando os ativos que formam esse patrimônio se valorizam, há reflexos desses ganhos no fundos de ações. Dessa forma, o investidor que adquiriu suas cotas sentirá esse efeito na sua carteira. Por outro lado, quando algum ativo perde valor, a performance do investimento também é afetada negativamente. Nesse caso, se o fundo tiver gestão ativa, pode ser o momento de o gestor reavaliar a sua exposição em ativos menos rentáveis e substituí-los por outros de melhor desempenho.

Ainda sobre o funcionamento dos fundos de ações, outros aspectos importantes dizem respeito à liquidez, custos e tributação do investimento. A seguir, entenda cada um deles mais detalhadamente.

Liquidez

Quando falamos em liquidez de um fundo de investimento, estamos nos referindo à facilidade de conversão de suas cotas em dinheiro disponível. No caso dos fundos de ações, o prazo de resgate varia de acordo com cada regulamento. Em alguns deles, pode-se receber os recursos poucos dias depois do pedido de resgate. Porém há outros que levam 30 dias ou mais para que o dinheiro caia na conta corrente.

Por isso, a liquidez é um dos pontos importantes a serem analisados por quem pensa em investir em um fundo de ações. Nesse sentido, é preciso ter ciência de que não dá para investir os recursos da reserva de emergência nesse tipo de aplicação.

Custos

Todo fundo de investimento cobra taxas, que servem para remunerar os participantes de toda a estrutura. Uma delas – a taxa de administração – é cobrada em todos os tipos de fundos, e representa um percentual ao ano que incide sobre todo o montante aplicado.

A taxa de administração remunera diretamente o trabalho dos envolvidos na gestão do fundo. Por isso, ela costuma ser mais alta nos fundos de gestão ativa, pois teoricamente essa estratégia exigem mais envolvimento do gestor.

Existem alguns fundos que também cobram taxa de performance, uma espécie de prêmio ao gestor que superou o benchmark do investimento. Aqui, também o mais comum é que essa taxa seja cobrada nos fundos de gestão ativa, justamente pela maior participação da gestão no acompanhamento do desempenho do fundo.

Mas atenção: a cobrança de taxa de performance não é garantia de que o fundo tenha um melhor desempenho. Por isso, o mais importante é entender qual a estratégia do gestor, para que se consiga avaliar se essa taxa faz sentido ou não.

Tributação

Sobre os rendimentos dos fundos de ações incidirá 15% de Imposto de Renda (IR). Como esse valor já é descontado na fonte, o investidor não precisa fazer o recolhimento do tributo.

Diferentemente dos fundos de renda fixa e multimercados, que possuem o come-cotas (cobrança semestral de IR), nos fundos de ações o imposto só incide no momento do resgate.

Caso haja resgate antes de 30 dias do início do investimento, incidirá também o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os rendimentos. Nesse caso, a alíquota inicia em 96% e vai caindo até zerar no 30° dia da aplicação.

Tipos de fundos de ações

Como vimos, a característica comum aos fundos de ações é o fato de aplicarem majoritariamente no mercado acionário. No entanto, os gestores podem fazer isso utilizando diferentes estratégias, cujas mais comuns são as que você verá a seguir.

Fundos livres

Como o próprio nome diz, esses fundos não precisam seguir uma estratégia específica para investir o patrimônio. Logo, o gestor conta com uma grande liberdade de alocação, desde que isso esteja especificado no respectivo regulamento.

Fundos de dividendos

Esse tipo de fundo prioriza ações de empresas que apresentam um bom histórico de dividend yield (indicador de pagamento de dividendos). De forma geral, essas companhias são as que atuam nos setores mais tradicionais da economia, como bancos, infraestrutura e geração de energia, por exemplo. Como já estão mais estabelecidas em seus segmentos, a necessidade investimento no negócio já não é mais tão constante. Dessa forma, acaba sobrando mais caixa para que possam distribuir proventos aos investidores.

Fundos small caps

Ao contrário das maiores pagadoras de dividendos, as small caps são as empresas que ainda precisam reinvestir constantemente na atividade. Isso acontece ou porque são novatas, ou simplesmente pela própria demanda do setor de atuação.

Para que um fundo de ações tenha essa classifica, o gestor precisa investir, ao menos, 85% do patrimônio em ações dessas empresas. Uma forma de avaliar se a empresa é uma small cap é observar a composição do Índice Brasil (IBrX). De acordo com a Anbima, as empresas de menor capitalização de mercado não podem estar entre as 25 maiores participações desse índice.

Os restantes 15% do patrimônio pode ser investido em outras ações, a critério do gestor, desde que as ações não estejam entre as dez mais representativas do IBrX.

Fundos setoriais

Nesses fundos, o gestor elege títulos de empresas que atuam em um mesmo setor ou em setores que tenham alguma relação entre si. Por exemplo, existem fundos setoriais de varejo, indústria, infraestrutura, energia, e assim por diante.

Da mesma forma que ocorre em outros fundos específicos, os fundos setoriais precisam trazer explicito no regulamento os critérios de escolha do setor e subsetores, se houver.

Fundos de investimento no exterior

Esse tipo de fundo pode investir em ativos fora do mercado brasileiro. No entanto, para que o volume possa ultrapassar 40% do patrimônio, eles devem ter explicita a denominação de “investimento no exterior”. Aqui, entram também os fundos de ações que adotam essa estratégia.

Como escolher um fundo de ações?

Se você acha que esses fundos fazem sentido para a sua estratégia de investimento, é hora de sabermos o que é importante analisar na hora de escolhê-los, certo? Para lhe ajudar, selecionamos alguns aspectos que, em nossa opinião, estão entre os mais importantes a serem analisados. Confira.

Performance do fundo e experiência do gestor

No mundo da renda variável, a rentabilidade passada não é garantia de um bom desempenho futuro. No entanto, quando analisamos a performance de um fundo, conseguimos ter uma ideia de como ele se comporta em diferentes momentos do mercado, o que também ajuda a avaliar o trabalho dos gestores.

Periodicamente, os administradores prestam contas sobre essa performance por meio de documentos, como a lâmina do fundo. Mas você também pode encontrá-las diretamente no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e fiscaliza o mercado de capitais.

Estratégia

Pela própria natureza do investimento, os fundos de ações são ativos de risco de forma geral. Porém, sabemos que algumas empresas apresentam mais volatilidade do que outras, seja pelo segmento, estágio de maturidade, questões de governança, e por aí vai.

Logo, para que se possa avaliar o risco, é importante conhecer a estratégia do fundo. Há concentração de empresas e/ou setores? Se sim, qual o rating de crédito das empresas? Parte do patrimônio é investida em ativos fora do país? Essas são algumas das perguntas que o investidor precisa fazer.

Custos

Os custos de um fundo de investimento exercem impacto direto na sua rentabilidade. Nesse sentido, uma das formas de saber se um fundo cobra taxas adequadas é compará-lo a outros da mesma categoria.

Valor mínimo de movimentação

Quando se fala em valor mínimo para um fundo de investimento, muitas vezes o investidor pensa apenas no montante inicial. Porém, muitos deles também têm a previsão de um valor mínimo para cada movimentação. Isso significa que, depois do aporte inicial, os próximos deverão obedecer a uma faixa de corte. Por isso, é importante ter atenção a esse aspecto também.

Vamos te ajudar a cuidar melhor do seu dinheiro!

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