O mercado acionário é repleto de boas oportunidades para quem deseja diversificar o patrimônio na renda variável. Um dos primeiros passos para investir em ações é conhecer as classes desses títulos e as suas características. Nesse sentido, uma das principais dúvidas, principalmente entre investidores iniciantes, é sobre as diferenças entre ações ordinárias e ações preferenciais, e é sobre isso que falaremos neste conteúdo.
Dependendo do tipo do título, o acionista terá um tratamento e direitos diferentes. Logo, é muito importante conhecer essas peculiaridades para fazer a melhor escolha, de acordo com os objetivos do investimento. Portanto, se você está pensando em montar a sua carteira de ações, ou se já investe e tem dúvidas sobre esses conceitos, continue a leitura a seguir.
Ações ordinárias e ações preferenciais: afinal, qual a diferença?
Um ponto em comum entre as ações ordinárias e preferenciais é que ambas se chamam nominativas. Isso porque o investidor que detém esses títulos fica identificado nos livros de registro das respectivas companhias.
Na bolsa de valores, as ações ordinárias possuem o código ON, e as preferenciais, PN. Agora sim, vamos às diferenças entre esses dois tipos de ações.
Ações ordinárias (ON)
No pregão da bolsa, podemos identificar as ações ON pelo número 3 depois das letras que compõem o seu código. Por exemplo, VALE3 e JBSS3 são as ações ordinárias nominativas da Vale e JBS.
A principal característica dessas ações é conceder ao investidor o direito a voto nas assembleias de acionistas. Por isso, elas são as mais indicadas para quem deseja ter alguma influência sobre as decisões da empresa. Logicamente, esse poder se relaciona diretamente com a quantidade de títulos que o investidor possui. Ou seja, quanto mais ações ON ele tiver na carteira, maior será o seu potencial de controle sobre a companhia. De acordo com a legislação, para obter o controle societário da empresa, o investidor precisa ter metade das ON + uma ação dessa categoria.
Outra peculiaridade desse tipo de ação é que, mesmo no caso de controle, o acionista não responde pessoalmente pelas dívidas da companhia. Porém, no caso de falência, quem possui ações ON receberá o dinheiro que investiu somente depois os detentores das ações preferenciais (PN) forem ressarcidos. Por isso, as ações ordinárias teoricamente carregam mais risco do que as preferenciais.
Por outro lado, os acionistas minoritários que possuem ações ON têm direito ao tag along. Esse é um mecanismo de proteção ao investidor, que garante que ele possa vender seus títulos por, no mínimo, 80% do valor recebido pelos controladores no caso de venda da empresa.
Ações preferenciais (PN)
Já as ações preferenciais são aquelas identificadas pelo dígito 4 no final do ticker. Por exemplo, BBDC4 e GOLL4 são as ações PN do Bradesco e Gol.
Diferentemente das ações ordinárias, as preferenciais não conferem direito a voto nas assembleias, a não ser que o estatuto da empresa diga o contrário. Porém, elas são as mais indicadas para quem está a procura de renda passiva com investimentos. Isso porque garantem ao acionista a preferência no recebimento de dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP). De acordo com a legislação, os proventos das ações PN devem ser, no mínimo, 10% superiores dos que os pagos às ações ordinárias.
Conforme vimos anteriormente, os detentores de ações PN também contam com a preferência no reembolso de capital no caso de liquidação da empresa. No entanto, não possuem a proteção do tag along, embora muitas empresas já estendam o benefício a essa categoria de ações atualmente.
Por todas as suas características, as ações PN podem ser opções mais interessantes para quem está começando a investir. Normalmente, o investidor iniciante aporta valores mais baixos, o que torna impossível alguma participação nas decisões da empresa. Além disso, as ações preferenciais são mais negociadas no pregão do que as ON, o que dá mais liquidez ao pequeno investidor.
Ações preferenciais classes A e B
Dentro das ações PN, existem ainda duas categorias, que são as classes A e B. Essa classificação tem a ver com o pagamento de dividendos, definido pelo estatuto social de cada empresa.
As ações preferenciais classe A (ou PNA) levam o número 5 depois do código que identifica a companhia. Nesse tipo de ação, o investidor recebe o valor mínimo de dividendo.
Já as ações preferenciais classe B (PNB) são identificadas no pregão pelo final 6. Em relação aos proventos, há um valor pré-definido de dividendos a ser pago ao acionista.
Por que é importante conhecer os tipos de ações?
Dependendo dos objetivos do investimento, haverá um ou outro tipo de ação mais adequada. Por exemplo, para quem deseja aportar valores mais altos e participar do processo decisório, as ações ON acabam sendo mais vantajosas. Lembrando que esse tipo de ação tem o tag along garantido por lei, o que protege o pequeno investidor no caso de troca de controle da companhia.
Outro ponto a considerar é que investir em ações ON envolve mais risco, pois elas não têm a preferência no caso de liquidação da empresa. Por isso, normalmente acabam se valorizando mais do que as ações preferenciais.
Por outro lado, se o objetivo for construir uma carteira de dividendos, as PN são a melhor alternativa. Além disso, como possuem mais liquidez na bolsa, têm chances de serem negociadas mais rapidamente caso surja alguma emergência financeira.
Ainda quanto às ações PN, outra característica é o fato de serem exigíveis. Isso significa que a companhia pode comprá-las a qualquer momento dos investidores, e por qualquer motivo.
Conhecer os tipos de ações é mais uma informação que auxiliará na hora de escolher esses títulos. Porém, há diversos outros aspectos que devem ser considerados na seleção das empresas, como saúde financeira, governança, cenário macroeconômico, e assim por diante. Por isso, o ideal é considerar a maior quantidade de variáveis possíveis para uma decisão mais assertiva.
Outros tipos de ações
Além das ações ordinárias e preferenciais, existem outros tipos de títulos que representam empresas, como as units, por exemplo. Também conhecidas como certificados de depósito de ações, as units não são um tipo de ação como as ON e PN. Em vez disso, elas são formadas por diferentes tipos de ações, cada qual com suas características próprias.
Quando investimos em units, conseguimos usufruir das vantagens peculiares de cada tipo de ação. Por exemplo, com esses certificados, pode-se ter direito a voto em assembleias e prioridade no recebimento de dividendos ao mesmo tempo.
O número 11 no final do ticker identifica as units no pregão (exemplo: BPAC11 é a unit do BTG Pactual). No entanto, é preciso observar que outros ativos financeiros também possuem esse número no código de negociação, como os fundos imobiliários e os ETFs (Exchange Traded Funds). Portanto, é preciso ter atenção na hora de negociar units no home broker da sua corretora.
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