Entre os tipos de fundos de investimento disponíveis no mercado, o fundo DI é um dos mais populares, principalmente se o objetivo é ter liquidez diária nos investimentos.
De forma geral, o apelo dos fundos DI é proporcionar rendimentos acima da poupança, mas existem outras peculiaridades que é preciso conhecer antes de investir nesse tipo de fundo. Neste conteúdo, mostraremos o que é um fundo DI, como ele funciona e quando é interessante ter esse investimento na carteira. Continue a leitura e confira a seguir!
O que é um fundo DI?
Os fundos DI – também chamados de fundos referenciados DI – estão classificados na categoria de fundos de renda fixa. Ou seja, eles possuem, no mínimo, 80% de seu patrimônio aplicado em ativos atrelados ao CDI ou Selic, a índices de inflação (como IPCA ou IGP-M) ou a todos esses indicadores ao mesmo tempo.
No caso de um fundo DI, a meta é acompanhar o CDI, que é a taxa dos empréstimos de curtíssimo prazo realizados entre os bancos. Para alcançar esse objetivo, os gestores aplicam principalmente em títulos indexados ao CDI ou Selic, pois ambas as taxas sempre estão muito próximas.
De acordo com as regras da Anbima (entidade que representa as instituições financeiras no Brasil), os fundos DI podem estar distribuídos entre algumas classificações de fundos de renda fixa. Nesse caso, o que muda são as regras quando ao percentual de títulos públicos federais ou de crédito privado exigido no patrimônio, mas sempre de baixo risco.
Por exemplo, no caso dos fundos simples, ao menos 95% do patrimônio deve estar alocado em títulos do Tesouro Direto ou de instituições financeiras de risco equivalente ao do governo federal. Há também fundos que investem ao menos 80% em títulos públicos ou ativos com baixo risco de crédito, e assim por diante.
Como funcionam os fundos DI?
Aqui, destacamos quatro importantes aspectos que o investidor precisa conhecer sobre esses fundos, que são liquidez, rentabilidade, tributação e custos. Acompanhe.
Liquidez
Normalmente, os fundos DI possuem liquidez diária (ou imediata em alguns casos).
Quando a liquidez é em D+1, isso significa que os recursos ficam disponíveis na conta um dia depois da solicitação do resgate. Já no caso de D+0, a cotização ocorre junto da liquidação, ou seja, respeitado o horário previsto no regulamento, podemos contar com o dinheiro no dia do pedido de resgate.
Para evitar surpresas, é importante checar esses prazos no regulamento, principalmente se o objetivo do fundo for dar cobertura à reserva de emergência.
Leia também:
Cotização e liquidação de resgate nos fundos: entenda!
Reserva de emergência: 6 perguntas frequentes sobre o tema
Fundo de renda fixa para reserva de emergência: afinal, pode?
Reservas financeiras: conheça 4 tipos para o seu planejamento
Rentabilidade
Como vimos, a rentabilidade dos fundos DI buscam acompanhar a evolução do CDI que, por sua vez, segue a taxa Selic. Devido aos custos dos fundos de investimento (o que veremos mais adiante), o rendimento dos fundos referenciados ficam um pouco abaixo do CDI.
Tributação
Em relação à tributação, é preciso considerar dois pontos específicos: o momento do resgate e o come-cotas que incide sobre os fundos DI.
Quanto ao resgate, haverá sempre a cobrança do Imposto de Renda e, em alguns casos, do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre os rendimentos. No caso do IR, a alíquota segue a tabela regressiva dos títulos de renda fixa, cuja alíquota inicia em 22,5% e vai caindo de acordo com o prazo do investimento até chegar à mínima de 15%, na seguinte proporção:
Prazo do resgate | Alíquota IR |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Já o IOF somente será cobrado de o resgate ocorrer antes de 30 dias do início do investimento. Nesse caso, as alíquotas sobre os rendimentos iniciam em 96% e reduzem até zerar no 30° dia da aplicação.
Além do prazo de resgate das cotas, o investidor também precisa conhecer a sistemática do come-cotas. Trata-se de uma antecipação do IR sobre os rendimentos do fundo que ocorre a cada seis meses, no último dia útil de maio e novembro.
Para fins de incidência do come-cotas, há dois tipos de fundos: os de curto e os de longo prazo. São considerados fundos de curto prazo os que investem em títulos com vencimento médio de até um ano. Nesse caso, as alíquotas variam entre 22,5% e 20%.
Já os fundos de longo prazo possuem títulos com vencimento médio superior a um ano no patrimônio. Nesse tipo de fundo, há quatro faixas de alíquota dependendo do prazo médio dos títulos: 22,5%, 2%, 17,5% e 15%.
Quando acontece o resgate, é feita a compensação do valor já descontado via come-cotas. Portanto, não há cobrança em duplicidade do IR.
Custos
Além da tributação, os custos dos fundos DI envolvem também a taxa de administração. Essa taxa corresponde a um percentual ao ano que incide sobre o patrimônio total do fundo.
A taxa de administração serve para remunerar o trabalho do gestor, e varia de acordo com o tipo de fundo. No caso de fundos de gestão passiva (que acompanham um benchmark) com os referenciados DI, elas costumam ser menores do que nos fundos de gestão ativa, que buscam superar o seu referencial.
As taxas de administração dos fundos DI variam de acordo com a gestão. De forma geral, costumam ficam abaixo de 1% ao ano.
Vantagens e desvantagens dos fundos DI
Uma das principais vantagens desses fundos é a rapidez no resgate. Como vimos, os fundos DI costumam ter liquidez diária ou imediata, sendo uma das melhores alternativas para compor a reserva de emergência.
A segurança desse investimento também é um ponto positivo para o perfil de investidor mais conservador. Como são formados majoritariamente por títulos do governo federal e de bancos e empresas com bom rating de crédito, o seu risco é baixo comparado a outros tipos de fundos.
Os fundos DI também costumam ser bastante acessíveis. Com baixos aportes iniciais, é possível adquirir cotas, o que favorece em especial o pequeno investidor.
Por outro lado, a rentabilidade é um dos pontos menos positivos desses fundos, pois o seu objetivo é acompanhar o CDI e não superar um indicador como acontece na gestão ativa. Além disso, dependendo da taxa de administração, os ganhos podem ser sacrificados e ficar bem abaixo do rendimento do CDI.
Quando investir em um fundo DI?
Quando o propósito do investimento é segurança e liquidez, os fundos DI estão entre as melhores alternativas disponíveis. Também é uma boa opção para quem está começando a formar as reservas financeiras, pois normalmente exige aportes iniciais baixos.
Como escolher um fundo DI?
Sempre é importante acessar a lâmina e o regulamento de um fundo antes de investir, e isso vale não só para os fundos referenciados, mas para todos os tipos.
Nesses documentos, podemos conhecer a política de investimento (limites por ativos, estratégia, se permite alavancagem, etc.), público-alvo, critérios de resgate, taxas, carência e várias outras informações fundamentais para a tomada de decisão.
Também é importante conhecer o histórico de rentabilidade do fundo e a expertise do gestor. Mesmo que os ganhos passados não sejam garantia de rendimentos futuros, entender como o fundo se comportou anteriormente (principalmente em momentos mais instáveis do mercado) pode dar uma ideia de que tipo de resultado esperar da sua gestão.
Os fundos estão entre os investimentos mais versáteis do mercado, pois existem alternativas para todos os perfis e estratégias financeiras. Nos conteúdos abaixo, você pode saber mais sobre esses investimentos:
Fundos multimercado: entenda o que são e como funcionam
Fundo de ações: alternativa para diversificar na renda variável