Depois de formada a reserva de emergência – primeiro passo de quem começa a investir – finalmente podemos pensar em diversificar os investimentos. Nesse sentido, investir a longo prazo é uma das estratégias para aumentar a rentabilidade da carteira, seja pelo efeito dos juros compostos ao longo dos anos ou pelas taxas mais atrativas que ativos de longo prazo oferecem, considerando que o dinheiro ficará mais tempo aplicado.
Neste conteúdo, veremos algumas opções para diversificar a carteira no longo prazo, de acordo com o perfil e objetivos financeiros de cada investidor. Acompanhe a seguir.
Como escolher os investimentos de longo prazo?
Quando consideramos um horizonte de longo prazo para os investimentos (a partir de 5 anos, em média), a liquidez deixa de ser a prioridade, e, dependendo do perfil do investidor, a segurança também. Isso faz com que possamos ampliar nosso leque de opções para ativos de prazos mais longos, mais voláteis ou ambos.
Para facilitar a escolha, podemos determinar três critérios em relação aos investimentos de longo prazo: proteção contra a inflação, geração de renda futura e, dependendo da tolerância ao risco, incluir renda variável na carteira.
1 – Proteção contra a inflação
Independentemente do perfil de investidor, é recomendável que toda carteira de longo prazo tenha algum título atrelado a índices de inflação, como os que veremos a seguir.
Tesouro IPCA+
O Tesouro IPCA+ é um dos investimentos mais lembrados quando o assunto é investir a longo prazo e proteger o dinheiro da inflação. Esse título do Tesouro Direto possui parte da rentabilidade atrelada a uma taxa fixa anual e outra parte ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Quanto à remuneração, existe a opção de resgatar todo o valor no vencimento do título ou receber juros semestrais. Essa última forma é interessante para quem busca renda passiva nos investimentos, mas acaba reduzindo o montante total a receber, pois os juros incidem sobre um valor menor acumulado.
Além da segurança, investir no Tesouro IPCA+ (ou em qualquer outro título do programa) é muito simples e direto. No link abaixo, você pode conferir o passo a passo:
Confira o passo a passo para investir no Tesouro Direto
CDB, LCI e LCA atrelados à inflação
Também encontramos títulos atrelados à inflação na renda fixa bancária, como os CDBs (Certificados de Depósito Interbancário) e as LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio).
Tanto os CDBs quanto as letras de crédito estão entre as opções mais seguras do mercado para investir a longo prazo, pois possuem a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). No caso das LCIs e LCAs, existe outro ponto positivo que é a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos, o que pode tornar a sua rentabilidade ainda mais interessante.
2 – Renda complementar
Os investimentos de longo prazo também podem prever a formação de uma renda futura, seja para complementar a aposentadoria ou para custear determinado planejamento, conforme veremos a seguir.
Previdência privada
Os investimentos em previdência privada contemplam duas fases distintas. A primeira fase é a de acumulação, quando efetivamente fazemos as contribuições mensais para formar a renda futura. Depois disso, vem a fase de conversão ou benefício, que é quando a renda é recebida conforme determinado no início do investimento – se mensalmente ou em um resgate único.
No mercado de previdência privada aberta (comercializada por instituições financeiras) existem dois tipos de planos: o PGBL e o VGBL. O que os diferencia é a forma de incidência do Imposto de Renda.
O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem faz a declaração completa do IR. Isso porque ele permite deduzir o valor investido até o limite de 12% da renda bruta do ano. Nesse caso, o tributo incidirá sobre todo o montante capitalizado (principal + juros) na hora do resgate.
Já quem faz a declaração simplificada de IR, pode contratar o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Apesar de não permitir o desconto das contribuições na declaração, esse plano conta com a vantagem de o tributo incidir somente sobre os rendimentos, e não sobre o valor total, como no caso do PGBL.
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Tesouro RendA+
O Tesouro RendA+ é um título público federal para investir a longo prazo com foco no planejamento da aposentadoria. Da mesma forma que os planos de previdência privada, ele prevê as fases de acumulação e de conversão, e a aplicação é feita por meio de uma corretora habilitada pelo Tesouro Direto, como a Terra Investimentos.
Esse título foi lançado em janeiro de 2023 e, até o momento, possui oito datas de conversão disponíveis: 2030, 2035, 2040, 2045, 2050, 2055, 2060 e 2065. Em relação ao resgate, funciona exatamente como uma renda complementar, pois o investidor recebe os recursos em 240 parcelas mensais.
Tesouro Educa+
A lógica do Tesouro Educa+ é a mesma do RendA+, pois ele prevê um período de resgate futuro em parcelas mensais. Porém, nesse caso, o investimento foi pensado para auxiliar no custeio dos gastos com educação, como faculdade, cursos de extensão, intercâmbios ou qualquer outro relacionado aos estudos.
Esse é o título mais recente do programa Tesouro Direto, lançado em agosto de 2023. Por enquanto, o investimento oferece 16 datas de conversão, de 2026 a 2041, todos os anos entre esse intervalo. O pagamento da renda é feito em 60 meses consecutivos desde o início da conversão.
Tanto o RendA+ quanto o Educa+ possuem taxas diferenciadas para as aplicações. Clique no link abaixo, e confira mais detalhes:
Taxas do Tesouro Direto: conheça os custos desse investimento
3 – Diversificação na renda variável
Quem possui certa tolerância ao risco, pode incluir renda variável na carteira de investimentos de longo prazo. Veja algumas alternativas interessantes:
Ações
Quando falamos em bolsa de valores, as ações são, sem dúvida, o investimento mais lembrado. E existem diferentes formas de lucrar com esses ativos, seja pela valorização dos títulos, recebimento de dividendos ou com o aluguel de ações, por exemplo.
Tudo dependerá da estratégia de investimento de cada um. Porém, investir em ações para o longo prazo requer conhecimentos sobre análise fundamentalista, acompanhamento dos ciclos de mercado e monitoramento constante da carteira. Não é preciso ser um expert nesses assuntos, mas é fundamental ter bons conhecimentos para cuidar bem do patrimônio e evitar erros comuns cometidos por muitos investidores.
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Fundos de investimento
Devido a sua versatilidade, os fundos são uma das formas mais fáceis de diversificar o patrimônio, pois contemplam uma grande variedade de ativos. Dependendo da estratégia, podem fazer parte da carteira de longo prazo os fundos de ações, fundos multimercados, fundos de crédito privado, fundos imobiliários (FIIs), entre outros.
Na hora de escolher um fundo, é importante analisar o seu retrospecto, portfólio e características da gestão. Embora os ganhos (ou prejuízos) passados não garantam que o desempenho se repita, ao avaliarmos o histórico podemos conhecer a volatilidade do fundo, o que nos dá melhor noção do risco.
Outro aspecto importante para conhecer são os custos dos fundos de investimento, que impactam diretamente na rentabilidade do investimento.
Diversificação internacional
Com a economia mundial cada vez mais conectada, a diversificação internacional se torna ainda mais importante quando pensamos em investir a longo prazo. Ao alocarmos parte do patrimônio em ativos internacionais, conseguimos aproveitar a performance de moedas fortes e, ao mesmo tempo, atenuar o risco-país dos investimentos.
E não é preciso comprar dólares ou ter conta no exterior para ter acesso a mercados internacionais. Na bolsa brasileira, há opções de ativos referenciados em dólar ou outras moedas fortes e que são negociados em reais, como os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) e ETFs (Exchange Traded Funds), por exemplo.
Outra alternativa simples são os fundos cambiais, que investem pelo menos 80% do patrimônio em ativos referenciados em moedas estrangeiras. Porém, é preciso ter claro que esses investimentos estão sujeitos a alta volatilidade e, portanto, são adequados para quem possui mais tolerância ao risco.