Em nosso primeiro guia do investimento, trouxemos os principais conceitos básicos e orientações para quem deseja começar a investir. Depois de formada a reserva de emergência, é hora de pensar em como diversificar a carteira, e é disso que trata a segunda parte do guia.
O primeiro passo para diversificar os investimentos é conhecer o seu perfil de investidor. Isso determinará qual a sua tolerância ao risco, e lhe ajudará a fazer escolhas mais alinhadas às suas expectativas e objetivos financeiros.
Feito isso, já é possível definir a sua estratégia de investimento e escolher os melhores ativos para alcançá-la. A seguir, mostraremos esse passo a passo, começando pelos tipos de perfis e, logo em seguida, apresentando os principais investimentos para diversificar o seu patrimônio. Acompanhe a leitura!
Perfil de investidor: quais os tipos e como definir?
Costuma-se classificar os perfis de investidores em três tipos: conservador, moderado e arrojado.
O perfil conservador é o que prioriza a segurança do patrimônio. Para isso, ele busca investimentos mais simples e estáveis, mesmo que não sejam os mais rentáveis.
Já o perfil moderado possui mais tolerância ao risco do que o conservador. Com isso, consegue montar duas estratégias: parte do dinheiro vai para aplicações mais conservadoras e outra parte, para investimentos de mais risco e mais sofisticados.
Por fim, o investidor arrojado é aquele que lida melhor com as oscilações do mercado, pois está disposto a correr mais risco para alcançar maiores ganhos. Normalmente, esse investidor é mais experiente e não precisa imediatamente dos recursos, o que lhe permite optar por investimentos que maturam no longo prazo.
Para definir o perfil de investidor, as instituições financeiras aplicam junto aos clientes um questionário chamado suitability. Embora não exista um padrão para as perguntas, esse questionário deve abordar aspectos que influenciam nas decisões de investimentos como situação financeira, objetivos, conhecimento e prazo pretendido para as aplicações.
Para detalhar ainda mais o perfil de investidor, a Terra Investimentos lançou o TPI (Teste de Personalidade do Investidor) em parceria com a B3. Essa é uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, para você realizar com mais assertividade as suas escolhas.
O TPI está disponível gratuitamente, confira no vídeo abaixo como funciona:
Determinado o perfil de investidor, é hora de conhecer as alternativas para diversificar a carteira, conforme veremos nos próximos tópicos.
Como diversificar a carteira na renda fixa
Na primeira parte do guia do investimento, apresentamos os investimentos mais conservadores para quem está começando a investir, que são:
- – Tesouro Direto
- – Certificado de Depósito Bancário (CDB)
- – Recibo de Depósito Bancário (RDB)
- – Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCA)
- – Fundo DI
Também falamos sobre a previdência privada no primeiro guia, pois ela também costuma pode ser uma porta de entrada para formar as reservas futuras.
Embora sejam investimentos mais simples, eles podem (e devem) compor as reservas de qualquer tipo de investidor. Dependendo do perfil e dos objetivos financeiros, a participação de cada um deles será maior ou menor na carteira.
A seguir, conheceremos a renda fixa privada, que não conta com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Isso significa que esses títulos possuem mais risco, e, por isso, costumam oferecer potencial de rentabilidade maior do que os títulos públicos e a renda fixa bancária.
CRI e CRA
Assim como as LCIs e LCAs, os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRI e CRA) são títulos isentos de Imposto de Renda que captam recursos para investir nos setores imobiliário e do agronegócio. A diferença é que eles não são emitidos por uma instituição financeira, e sim por uma securitizadora.
Imagine uma construtora que vence imóveis financiados em até 20 anos. À medida que vai realizando as vendas, ela aumenta a quantidade de recebíveis de longo prazo, mas precisa de recursos para concluir seus projetos e iniciar novas obras. Uma alternativa para esse financiamento é contratar uma securitizadora, que irá converter esses recebíveis em CRIs, ou seja, em títulos que podem ser negociados no mercado.
Aí é que está a principal diferença entre esses títulos e as letras de crédito. Diferentemente das instituições financeiras, as securitizadoras só emitem os certificados de recebíveis, não sendo devedoras na operação. É por isso que o risco dessas operações é maior, uma vez que não há um fundo garantidor como no caso da renda fixa bancária.
No caso dos CRAs, a lógica é a mesma, porém eles financiam projetos voltados ao agronegócio.
Normalmente, ambos os títulos possuem um rating de crédito, ou seja, uma classificação de risco concedida por uma agência. Além disso, alguns podem ter os bens objeto da operação como garantia – como imóveis, máquinas e produtos agrícolas. Isso ajuda a mitigar o risco de crédito maior.
Outro ponto importante sobre CRIs e CRAs é que são títulos de longo prazo, justamente pelas características dos projetos que financiam. Para resgatá-los antes do vencimento, é preciso recorrer ao mercado secundário e negociar diretamente com outro investidor interessado. Nesse caso, o detentor do título estará sujeito às condições atuais do mercado, que podem não ser as mais favoráveis para ele no momento da negociação.
Debêntures
As debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para captação de recursos. Ao adquirir uma debênture, você se torna credor da empresa que a emitiu, e receberá juros pelo dinheiro que emprestou no vencimento da operação.
Assim como os CRIs e CRAs, as debêntures também possuem um rating de crédito. Quanto maior o rating, teoricamente melhor é a qualidade do credito e menor tende a ser o risco da operação.
As debêntures também podem oferecer garantias aos investidores. A garantia real é a mais segura, pois conta com hipoteca ou penhor de bens para assegurar o pagamento e a empresa não pode negociar esses bens até que o título seja pago. Já a garantia flutuante dá prioridade ao dono da debênture em relação a outros credores, mas permite que a empresa venda os bens dados em garantia, o que a torna mais frágil do que a real.
Há também a garantia quirografária, na qual o investidor não tem prioridade no recebimento em caso de falência da empresa. Mas nesse tipo de garantia, a emissão das debêntures respeita o limite do capital integralizado.
Por fim, na garantia subordinada, o investidor tem preferência no recebimento somente em relação aos acionistas. além disso, não há limite de emissão, o que torna esse título mais frágil do que os demais em termos de risco.
E algumas debêntures podem contar com isenção do Imposto de Renda – são as debêntures incentivadas, uma boa alternativa para diversificar a carteira com rentabilidade.
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FDIC
O FDIC (Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios ) é uma alternativa mais sofisticada de renda fixa.
Esse investimento é composto por direitos creditórios que normalmente formam o contas a receber de empresas de diferentes segmentos, como indústria, comércio, financeiro, entre outros. Desde outubro de 2023, há FDICs disponíveis também para o investidor de varejo, o que tende a torná-los mais conhecidos e acessíveis daqui para frente.
Apesar do nome, os FDICs funcionam de forma diferente dos fundos de investimentos tradicionais (veremos isso mais adiante), pois conta com outros participantes e categorias de cotistas. Pelo risco envolvido, é normal que o investimento ofereça taxas acima de outros tipos de renda fixa.
Como diversificar a carteira na renda variável
Confira agora as principais categorias de renda variável para diversificar a carteira.
Ações
De forma geral, as ações são o primeiro investimento que vem em mente quando falamos em bolsa de valores.
Esses títulos representam uma fração do capital da empresa, que os sócios colocam à venda na bolsa depois da abertura de capital (IPO). Ou seja, quem adquire uma ação, torna-se sócio da companhia emissora, e terá direitos como receber dividendos, votar nas assembleias, preferência na compra de novas ações e assim por diante, de acordo com o tipo de título adquirido.
Existem diferentes estratégias para investir em ações. Por exemplo, você pode ter foco em dividendos, na valorização dos títulos ao longo dos anos, ou mesmo no médio ou curto prazo. Seja qual for o seu objetivo, é importante conhecer princípios e indicadores da análise fundamentalista e da análise técnica para investir em ações com mais segurança.
Fundos de investimento
Os fundos de investimento são versáteis e democráticos, pois podem atender a todos os tipos de investidores.
Esse investimento funciona como uma espécie de condomínio, que reúne recursos de diversas pessoas para uma aplicação coletiva. Esses recursos formam o patrimônio do fundo, que será dividido em cotas, e cada cotista terá direito aos resultados do investimento de acordo com a sua participação.
Existem fundos de diferentes composições e graus de risco, desde os mais conservadores (fundos DI), passando pelos multimercados, de ações, cambiais, fundos imobiliários (FIIs), e por aí vai. A melhor escolha dependerá do perfil e objetivos financeiro, considerando também aspectos como custos, liquidez, tipo de gestão, histórico de resultados, entre outros.
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ETF
Os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos negociados em bolsa que replicam o comportamento de determinado índice ou ativo financeiro.
Por exemplo, existem ETFs atrelados a índices – como o Ibovespa, Small Cap (SMLL) ou S&P 500 – a títulos de renda fixa, a ativos internacionais, a criptoativos, e assim por diante. Investir em ETFs é uma boa forma de diversificar a carteira em várias categorias de ativos e de forma simples e acessível.
Outra vantagem desse investimento é a taxa de administração, que costuma ser reduzida em comparação a fundos de gestão ativa, pois o seu objetivo é acompanhar um determinado referencial em vez de superá-lo.
BDR
É possível diversificar os investimentos em ativos internacionais sem precisar abrir uma conta lá fora. Para isso, uma boa alternativa são os BDRs (Brazilian Depositary Receipts), títulos que representam ações de companhias estrangeiras negociados na bolsa brasileira, e em reais.
Com os BDRs, você pode ter acesso a nomes como Apple, Amazon, Netflix, Google, Coca-Cola, e várias outras gigantes internacionais. E há também BDRs de ETFs, para quem deseja acompanhar índices ou setores específicos da economia mundial.
Uma das carteiras recomendadas da Terra Investimentos é a de BDRs, atualizada mensalmente por nossa equipe de analistas.
Como diversificar a carteira com derivativos
Além de oferecerem possibilidades de rentabilizar a carteira, os derivativos podem ser boas ferramentas de proteção dos investimentos.
No caso das opções, é possível lucrar inclusive na baixa de um determinado ativo. Um exemplo é o aluguel de ações e de fundos imobiliários, que envolve opções de venda e podem trazer ganhos a quem possui o ativo e a quem o aluga por determinado período.
Lembrando que derivativos são instrumentos sofisticados e que exigem bom conhecimento técnico para que possam ser utilizados com segurança. No link abaixo, mostramos como cada tipo funciona e em que momento um ou outro podem ser mais adequado, de acordo com cada objetivo e estratégia de investimento.
Tipos de derivativos: saiba quais são e quando utilizá-los